Pix, Open Finance, real digital, criptomoedas e, à frente, dinheiro programável. Em eventos recentes, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, tem reforçado sua visão de futuro para o setor que, na previsão do chefe da autoridade monetária, terá um agregador de serviços financeiros, inclusive com uma carteira virtual de dados.
Em meio ao avanço de tecnologias como inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) e 5G, para onde caminham as transações financeiras? Como será o dinheiro no futuro? Recentemente, ouvimos cinco especialistas e separamos alguns trechos das análises feitas por eles. Confira a seguir:
Economia digital e ‘cashless’
“Estamos vendo uma transformação muito grande no setor financeiro. Basta ver o que aconteceu nos últimos dez anos, com aumento de competitividade e o avanço das fintechs. Hoje já temos mais de 1,2 mil delas em operação no Brasil. E muitas fintechs têm usado o Pix como plataforma importante de entrada no setor financeiro.” – Bruno Magrani, presidente da Zetta, associação que representa empresas de tecnologia com atuação no ecossistema de serviços financeiros digitais.
“O Brasil sempre esteve à frente na indústria financeira. E agora passamos a exportar o Pix ou mesmo o Open Finance que, assim regulado com escopo maior, não tem em lugar algum no mundo.” – Bruno Diniz, sócio da consultoria de inovação financeira Spiralem.
“Todas as iniciativas caminham para digitalizar a economia e o mundo, de maneira geral. Estamos caminhando para uma sociedade ‘cashless’, e a pandemia acelerou isso. No futuro, provavelmente o dinheiro físico vai ser usado de forma irrelevante e marginal, a exemplo de que uma loja não aceita cheque.” – Carlos Augusto de Oliveira, CEO da fintech Certdox, membro do pool de fintechs da Bossanova Investimentos e ex-CIO do Banco Original.
Real digital, tokenização e dinheiro ‘programável’
“A tokenização da economia é algo que está acontecendo. Olha a inovação que estamos trazendo para o mercado. Qual é o grande segredo? Tenho uma infraestrutura única de blockchain, que aceita esse token, que é intercambiável. Essa interoperabilidade entre ativos que a tokenização gera, de forma regulada por meio de CBDC [sigla em inglês para moeda digital de banco central], muda por completo o que conhecemos por dinheiro.” – Guga Stocco, sócio da Futurum Capital e um dos criadores da operação digital do Banco Original.
“Quando penso em futuro do dinheiro, penso na forma como evoluímos na economia, nos afastando cada vez mais do dinheiro em espécie e se movendo para realidade eletrônica dos pagamentos. Agora, o próximo passo diz respeito à programabilidade do dinheiro, e vamos alcançar isso com o real digital.” – Bruno, da Spiralem.
“Dinheiro programável é nada mais que fazer uma remessa por meio de rede blockchain, definindo qual a utilização que está prevendo para aquele dinheiro, prazo e quem pode fazer a utilização. Traz rastreabilidade, transparência e monitoramento. É útil, por exemplo, em repasses públicos de verbas específicas ou doações, entre outros casos.” – Carlos Augusto, da Certdox.
“No Brasil, temos o Lift Challenge, explorando casos de uso para o real digital, até o fevereiro do ano que vem. E no segundo semestre de 2023, começam os pilotos, que duram 18 meses. E se tudo correr bem, a ideia é lançar o real digital no fim de 2024.” – Rodrigoh Henriques, diretor de inovação da Fenasbac.
“Somos avançados na discussão de CBDC porque já fizemos muita coisa que outros países não têm, como pagamento instantâneo com moeda eletrônica, o Pix. Largamos já no meio da corrida.” – Rodrigoh, da Fenasbac.
“O real digital é o que tenho chamado de terceira onda de digitalização do setor financeiro. A primeira ocorreu com a entrada das fintechs, que aumentaram a inclusão financeira. A segunda tem a ver com democratização da infraestrutura do mercado financeiro, com o Pix e o desenvolvimento do Open Finance. E o real digital será a terceira onda de digitalização do sistema financeiro, ao incluir bens e ativos do mundo real.” – Bruno, da Zetta.
Open ‘everything’?
“A programabilidade do dinheiro assume ter acesso a determinados dados. Se não forem inteoperáveis e fáceis de se conseguir, estou limitando o que pode ser feito. Então, o Open Finance é pedra fundamental na construção do real digital e de pagamentos inteligentes.” – Rodrigoh, da Fenasbac.
“Com o Open Finance e, mais do que isso, com a Open Economy, várias indústrias vão se conectar de maneira interoperável. Essa interoperabilidade vai fazer com que não se perceba uma operação de pagamento, mesmo que digital. E com a intercomunicação entre contratos, aquilo fica transparente e seguro. Aí vemos o desenho do ‘Lego’, tudo se encontrando.” – Carlos Augusto, da Certdox.
“A somatória de dados abertos, com consentimento do usuário (Open Finance), pagamentos instantâneos (Pix) e inteligentes (real digital) gera a grande competitividade que o Banco Central Busca no Brasil.” – Rodrigoh, da Fenasbac.
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