Artigo: Tendências de banking as a service (BaaS) para 2023

Conforme relatório do Gartner, divulgado em setembro, o BaaS atingirá ampla adoção no mundo todo dentro de dois anos

Por Rafael Augusto Panelli*, para o Finsiders
Banking as a service, ou BaaS, é uma solução tecnológica que permite que qualquer empresa comece a oferecer produtos financeiros sem precisar de um banco ou ter que se tornar um para tanto, independentemente do ramo no qual atua. Conforme o último relatório do Gartner, “Hype Cycle for Digital Banking Transformation”, divulgado em setembro, o BaaS atingirá ampla adoção no mundo todo dentro de dois anos.

Trata-se de uma aplicação da tecnologia que tem potencial para altos níveis de transformação no setor bancário e que traz outras inovações como parte das tendências até 2024, o que inclui chatbots, nuvem pública para aplicativos de pagamentos bancários e mensagens sociais.

Além disso, com a alta dos modelos colaborativos, que permitem experiências aprimoradas do cliente e recursos mais avançados, um conjunto mais amplo de produtos e experiências inovadoras voltadas para o consumidor serão desenvolvidas. Com isso, as organizações não bancárias têm o benefício de uma rápida entrada no mercado financeiro, aproveitando a abertura regulatória.

Na região, o Brasil é líder em BaaS, sendo que, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Introspective Market Research (IMR), um instituto de pesquisa internacional, o país representa 73% do mercado de BaaS na América do Sul, apresentando uma Receita de US$ 1.392 bilhão em 2021.

Confira, a seguir, como as inovações devem integrar o BaaS no próximo ano:

Chatbots em BaaS

Os chatbots representam um dos principais casos do uso de inteligência artificial (IA) em bancos e impactarão todas as áreas com a comunicação entre máquinas e humanos. Embora aplicados principalmente ao atendimento dos clientes, gerenciamento de serviços de TI ou recursos humanos, os usos do chatbots são amplos.

Há uma grande mudança de paradigma, pois as atuais tecnologias são voltadas para o aprendizado do usuário e está ocorrendo uma transformação para que a máquina, ou o chatbot, aprenda em linha com o que o usuário deseja. Isso trará desdobramentos na integração de tecnologias, no treinamento de profissionais de TI e que manuseiam as tecnologias, além da produtividade e eficiência dos serviços bancários prestados.

Rafael Panelli, VP de produtos da Zoop (Foto: Reprodução/LinkedIn)
Rafael Panelli, VP de produtos da Zoop (Foto: Reprodução/LinkedIn)

Com o passar do tempo, a sofisticação do mercado de plataforma de IA corporativa levou ao aprimoramento das ferramentas, de forma que bancos possam manter chatbots utilizando recursos não relacionados à TI. A operacionalização nas unidades de negócios fora do departamento de TI está tornando a produção de chatbots uma atividade mais produtiva e assertiva, o que será rapidamente integrado ao BaaS nos próximos anos.

Nuvem pública para BaaS

Há um crescente aumento na adoção da nuvem pública pelo setor bancário, já que com essa tecnologia os bancos podem alcançar um nível maior de eficiência e agilidade, ao movimentar dados e transações para a cloud computing.

As nuvens públicas voltadas para o uso da tecnologia dos bancos fornecem softwares específicos para o setor financeiro, o que em um ecossistema de nuvem pública, no qual os aplicativos são integrados em diferentes níveis, permite mesclar e basear dados e operações em cloud e no local, com certa capacidade de ampliação ou retração do uso da tecnologia, conforme a demanda e regras definidas.

Esta possibilidade faz com que o BaaS ofereça agilidade ao permitir o aumento e a diminuição do uso de dados, conforme a escala, para atender às mudanças na demanda, bem como atender às conformidades regulatórias, que por vezes obriga que as transações financeiras atendam demandas temporárias. Os recursos são liberados para o desenvolvimento de ativos digitais de forma a centralizá-los e otimizá-los. Outro benefício é que os custos fixos são reduzidos, evitando infraestruturas superdimensionadas.

Além disso, o BaaS com a nuvem pública permite a centralização dos aplicativos e plataformas que facilitam o desenvolvimento e os testes, evitando sobreposições de tarefas ou dados.

Aplicativos de pagamento em mensagens de redes sociais

Os apps de pagamento de mensagens sociais dependem de plataformas de mensagens instantâneas para originar as transações de pagamento. A interface do aplicativo de mensagens é utilizada para registrar contas de pagamento e para iniciar ou monitorar a atividade transacional relacionada, realizada por meio do app.

Leia também: “Pagamento é o elo que faltava no comércio conversacional”, diz chefe do WhatsApp no Brasil

A modernização da infraestrutura de pagamentos, a capacidade de fazer uso do Open Banking e as APIs de pagamento forneceram novas vias de entrada para aplicativos de mensagens sociais com o objetivo de fornecer serviços de pagamentos. A adoção de aplicativos de mensagens sociais transformou o comportamento de compras e pagamentos em países da Ásia, o que deve acontecer entre os brasileiros, nos próximos anos.

As inovações trarão benefícios principalmente para os clientes, pois as novas tecnologias e um ambiente mais moderno oferecem às empresas novas possibilidades para a criação de produtos e serviços financeiros, que serão disponibilizados com facilidade, permitindo ainda ampliação da bancarização e inclusão financeira. No Brasil, segundo o Banco Central, o país somava cerca de 34 milhões de desbancarizados, no primeiro semestre de 2021.

Diante desse cenário, o consumidor poderá escolher qual a melhor opção financeira para o seu perfil, conforme a experiência oferecida. Neste sentido, todas as empresas, independente do setor, poderão identificar a melhor maneira de atender seus clientes ao decidir pelo serviço financeiro que melhor satisfaça sua necessidade.

Uma loja de departamentos pode, por exemplo, oferecer o ‘buy now, pay later’ (BNPL) no check-out e, além de uma nova opção de pagamento e parcelamento, esse varejista terá acesso aos dados que o consumidor autorizar, em linha com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), e com isso, poderá criar abordagens e ofertas personalizadas, além de obter insights valiosos.

*Rafael Augusto Panelli é vice-presidente de produtos da Zoop, empresa de tecnologia em serviços financeiros.

As opiniões neste espaço refletem a visão dos especialistas e executivos de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo autor do texto.

Leia também:

Bancos tradicionais avançam em BaaS

Swap, BaaS especialista em segmentos, entra em despesas corporativas

BaaS cresce e serviços financeiros entram nas jornadas das empresas