No apagar das luzes de 2022, o banco BV anunciou a compra de uma participação de 3,85% no capital do Méliuz, em um deal que inclui um acordo comercial entre as companhias e um memorando de entendimento (MoU) para aquisição do controle do Bankly, a plataforma de banking as a service (BaaS) da Acesso Soluções de Pagamento, comprada pelo Méliuz em maio de 2021.
A operação teve preço de aquisição de R$ 1,50 por ação, o equivalente a um prêmio de 27% em relação ao fechamento do papel em 29 de dezembro, um dia antes do anúncio do deal. Atualmente, o Méliuz vale pouco mais de R$ 1 bilhão na B3, mas já chegou a ser avaliado em cerca de R$ 10 bilhões em meados do ano passado.
Além de adquirir a fatia de 3,85% do capital social da startup, o BV terá a opção de compra da totalidade das ações do bloco de controle num período de 24 meses. Os acionistas vendedores do Méliuz são Israel Salmen, Ofli Guimarães e Lucas Figueiredo. A opção de compra de ações inclui, além dos três, os papéis de André Ribeiro Davi de Holanda Rocha e a Org Investments LLC. Hoje, os controladores detêm quase 24% da companhia.
No caso do Bankly, foi firmado um memorando de entendimento que prevê a venda do controle em até 90 dias, com base num enterprise value de R$ 210 milhões. Há, ainda, um acordo comercial para que o BV adicione o Bankly à sua oferta de serviços financeiros. Ao mesmo tempo, o banco passará a ser o provedor de infraestrutura, funding e produtos financeiros do Méliuz.
A operação foi realizada pelo fundo de Corporate Venture Capital (CVC) do BV, que este ano investiu em fintechs como Parcelex (BNPL), Klavi (Open Finance) e Dr. Cash (financiamento para procedimentos médicos).
O Bankly foi adquirido em maio de 2021 pelo Méliuz, demonstrando o apetite da plataforma de cashback pela vertical de serviços financeiros. Na época, o Bankly tinha mais de 130 empresas como clientes. Hoje, possui na base mais de 200 parceiros B2B que, juntos, totalizam mais de 4,5 milhões de clientes ativos.
Em uma apresentação institucional divulgada também no dia 30 de dezembro, o Méliuz diz que “mais crescimento está por vir com os serviços financeiros recém-lançados e o roadmap futuro”. Na lista estão produtos e features como pagamentos, seguros, investimentos, portabilidade salarial, empréstimo próprio e ampliação do portfólio de criptomoedas.
Atualmente com 26,2 milhões de contas, o Méliuz somou R$ 3,9 bilhões em GMV nos nove primeiros meses de 2022, com crescimento de 47% ano contra ano. Em serviços financeiros, acumulou mais de 1,7 milhão de contas digitais abertas até o terceiro trimestre de 2022. O TPV ficou em R$ 2,3 bilhões (cartão Méliuz e co-branded).
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