De olho na eficiência — um movimento que começou a ser visto com mais clareza no quarto trimestre de 2022 — a Creditas voltou a demonstrar que está no caminho para atingir o ‘breakeven’. Pelo menos é o que indica o balanço dos três primeiros meses de 2023, divulgado nesta terça-feira (25).
Entre janeiro a março, a fintech de crédito com garantia apurou prejuízo de R$ 129 milhões, queda de 60% em relação à perda de R$ 327 milhões registrada em igual período de 2022.
“À medida que aceleramos a expansão do lucro bruto e continuamos ganhando alavancagem operacional, estamos confiantes de que alcançaremos lucratividade até o final de 2023 e continuaremos com crescimento lucrativo em 2024”, escreveu a companhia, em comunicado.
Há uma evolução constante desde 2021, quando a situação no mercado de risco e as taxas de juros eram bem mais palatáveis ao negócio da Creditas. Assim, a relação entre resultado líquido e receita, que era de -84,5% entre janeiro a março do ano passado, evoluiu progressivamente em 2022 e fechou em -23,5% nos primeiros três meses deste ano. Para se ter ideia, o indicador chegou a -101% no último trimestre de 2021.
No texto que acompanha os números, a fintech reforça os esforços pelo equilíbrio financeiro no curto prazo. A empresa fala em “continuar focando em um crescimento mais moderado, para se tornar uma companhia lucrativa até o final do ano”. “O foco na margem financeira e um acompanhamento rigoroso da qualidade do crédito estão nos permitindo melhorar progressivamente o lucro bruto”, prossegue.
‘Ventos favoráveis’
Neste aspecto, o lucro bruto da empresa saiu de R$ 45,1 milhões para R$ 118,9 milhões, entre o primeiro ‘quarter’ de 2022 e agora, um avanço de 163,3%. Sobre o último ‘quarter’ do ano passado, houve alta de 64,2% – no período, o lucro bruto foi de R$ 72,4 milhões.
Na relação entre lucro bruto — que leva em conta apenas as despesas relacionadas à operação — e receita, a fintech também vem melhorando nos últimos 12 meses, saindo de 11,7% para 21,6%, “uma vez que nos beneficiamos de taxas Selic estáveis, reavaliação contínua do nosso portfólio e alta qualidade de nossa carteira de crédito.”
Aos investidores, a companhia destaca, ainda, que os custos abaixo do lucro bruto continuam em queda. Entre os primeiros três meses do ano passado e igual período deste ano, a redução foi de 33%, de R$ 372 milhões para R$ 248 milhões. No último trimestre de 2022, os custos abaixo do lucro bruto ficaram em R$ 281 milhões.
“A combinação de reprecificação de empréstimos, uma carteira crescente, custo de financiamento estabilizado e menor impacto de provisão de IFRS (relatório financeiro) cria ventos favoráveis significativos para a lucratividade”, diz.
Foco no crédito colaterizado
No primeiro trimestre de 2023, a carteira de crédito da Creditas alcançou os R$ 6,03 bilhões, crescimento de 36% versus um ano antes. Em comparação ao último período do ano passado, o avanço foi mais tímido, de pouco mais de 3%.
Pela segunda vez seguida, as novas originações de crédito tiveram desaceleração, que agora foi de 35,3%, para R$ 668 milhões. Entre janeiro e março de 2022, as novas originações foram da ordem de R$ 1,03 bilhão.
Além disso, em razão da preocupação do setor com o aumento da inadimplência, a Creditas afirma que continua sendo “muito restritiva” em produtos de financiamento de automóveis, enquanto mantém o foco em produtos com colateral, como car equity, home equity e crédito consignado privado, que tiveram baixa volatilidade. “Dados os baixos LTVs (lifetime value) desses produtos, acreditamos que nossa categoria de produtos é ideal para manter a resiliência no ambiente atual”, afirma.
Correção de rota
No anúncio da reestruturação do Creditas Auto, a Creditas disse que passaria a focar os esforços tanto nas transações entre indivíduos, quanto em empréstimos com garantia e financiamentos. Isso inclui a redução das lojas físicas do Creditas Auto de seis para três nos próximos meses.
Fundada em 2012, a fintech já levantou US$ 879 milhões em seis rodadas de investimento. Na última captação, em janeiro do ano passado, foi avaliada em US$ 4,8 bilhões.
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