Fundada há cerca de três anos na cidade de Mountain View, na Califórnia, pela dupla Shanxiang Qi (ex-DiDi e Uber) e MengKe ‘MK’ Li (ex-Google e Microsoft), a fintech Liquido tem mais da metade da equipe na China, com o time de tecnologia baseado na cidade de Shenzhen — o “Vale do Silício” chinês. No entanto, sua grande aposta mesmo é a América Latina, com destaque para o Brasil.
Em uma espécie de ‘stealth mode’ até então, a empresa agora se lança oficialmente ao mercado com uma solução de infraestrutura de pagamentos para e-commerces e marketplaces globais e locais que desejam operar na América Latina, por meio de uma só API (sigla em inglês para interfaces de programação de aplicações).
A solução construída pela Liquido aceita cartão de crédito, Pix, carteiras digitais, link de pagamento, entre outros métodos. Para rodar, a fintech fechou parceria com diversos bancos e adquirentes no Brasil, diz ao Finsiders Joseph Liu, funcionário número 1 da empresa no Brasil e responsável por desenvolvimento de negócios no país.
Em paralelo, no fim de 2022 a empresa deu entrada no Banco Central (BC) para operar como instituição de pagamento (IP) e aguarda a aprovação do regulador.
Por aqui, o plano é atrair, principalmente, negócios de pequeno e médio porte. Hoje, a plataforma é usada por mais de 30 empresas e processou até então mais de US$ 300 milhões em uma operação ‘beta’ na América Latina, segundo reportou o TechCrunch. Um dos primeiros clientes da fintech é a Kwai, rede social chinesa de vídeos curtos com mais de 48 milhões de usuários no Brasil e concorrente do também popular TikTok.
Oportunidade x concorrência
Além do Brasil, a startup opera em mais três países: Chile, Colômbia e México. Em breve vai desembarcar também no Peru. Oportunidade não falta, especialmente em grandes mercados como o mexicano. “No México, quase 60% da população não tem cartão de débito e somente 20% têm cartão de crédito”, exemplifica Joseph. De acordo com dados do site Statista, o comércio digital na América Latina deve crescer 73% até 2025.
Tem oportunidade, sim, mas concorrência também não faltará às ambições da Liquido. Na região, a fintech enfrenta dois unicórnios bem estabelecidos — o brasileiro Ebanx e a uruguaia dLocal, que tem valor de mercado de US$ 4,3 bilhões na Nasdaq. No mundo, a grande referência em termos de modelo de negócio é a norte-americana Stripe, avaliada em US$ 50 bilhões em sua última captação, um ‘down round’.
Para se diferenciar dos competidores, uma das armas da Liquido é uma ferramenta que tem integração com o WhatsApp, chamada “payment plus platform” (PPP). O recurso permite ao lojista, por exemplo, recuperar uma transação abandonada pelo consumidor no check-out com o envio de uma mensagem para o número de celular cadastrado pelo usuário.
Na prática, a ferramenta ajuda o lojista a aumentar as vendas e fidelizar seus clientes. Nesse sentido, a fintech também acaba de colocar no ar um aplicativo na Shopify, que permite a criação de uma ‘store’ dentro do WhatsApp. Além dessa parceria, a Liquido tem conexão com a também plataforma de e-commerce Magento e está finalizando a integração com a brasileira VTEX.
Funding
Desde o início do negócio, a Liquido levantou duas rodadas de investimento que, juntas, somaram US$ 26 milhões. Ambas foram lideradas pela Index Ventures e tiveram a participação de investidores como Base Partners, Restive Ventures, Mantis VC and UpHonest Capital. O valuation não é divulgado.
A fintech também tem dois advisors tarimbados nos setores financeiro e de varejo: João Bezerra Leite, ex-CTO do Itaú Unibanco, e atualmente líder do pool de fintechs da Bossanova Investimentos, além de investidor e/ou advisor de várias fintechs e empresas de tecnologia; e In Hsieh, um especialista no mercado chinês e sócio-fundador da Chinnovation.
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