IA, big data e 5G são a chave para a competitividade do setor financeiro

No setor financeiro, a expectativa é de que a IA cresça a uma taxa anual composta de 25%, até 2027, escreve Marcio Martin, VP da green4T

Foto: Pete Linforth/Pixabay
Foto: Pete Linforth/Pixabay

Por Marcio Martin*, exclusivo para o Finsiders
Globalmente, o setor bancário é o que mais investe em tecnologia, depois dos governos. De acordo com o Gartner, o volume chega a US$ 3 trilhões anuais. No Brasil, foram cerca de US$ 35 bilhões, apenas no ano passado, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2022, realizada em parceria com a Deloitte.

Ainda assim, uma pesquisa realizada pela publicação especializada American Banker indica que a maior parte das empresas do setor planeja elevar em, pelo menos, 10% os investimentos em tecnologia em 2023. É um dinheiro destinado à busca por competitividade em um mercado que tem sido sacudido por novos entrantes, mudanças regulatórias e de infraestrutura. Startups do setor captaram, só nos últimos cinco anos, cerca de US$ 11 bilhões para desenvolver novos produtos e financiar programas de expansão, de acordo com a Sling Hub, plataforma de inteligência de dados.

Em paralelo, o Banco Central no Brasil lançou um sistema de pagamentos instantâneo, o Pix, e avançou na implementação de uma série de mudanças regulatórias, como o Open Banking e do Open Finance, que permitem maior personalização dos serviços. Diante do aumento da concorrência e das adaptações na regulamentação, as empresas do setor têm priorizado algumas tecnologias para atender às crescentes expectativas dos clientes. Entre elas, de acordo com a Febraban, três das mais importantes são inteligência artificial (IA), big data e 5G.

IA

No setor financeiro, em particular, a expectativa é de que a IA cresça a uma taxa anual composta de 25%, até 2027, conforme afirma o último estudo da Mordor Intelligence. Seu uso é voltado tanto para a redução de custos quanto para a melhoria da experiência dos clientes e a oferta de produtos personalizados. Entre os exemplos mais conhecidos, estão: os chats de atendimento, a prevenção e a análise de fraudes.

Além desses, há iniciativas bem mais sofisticadas em curso, como a plataforma NOMI, de um dos maiores bancos canadenses. Idealizada para ajudar os clientes a planejarem melhor suas finanças, ela oferece previsões de fluxo de caixa, para que os clientes saibam de quanto vão dispor nos sete dias seguintes.

A NOMI também tem um recurso que, quando ligado, arredonda para cima o valor de pequenas compras e envia os centavos de diferença para uma conta poupança, ajudando na formação de reservas e na melhoria da saúde financeira dos clientes. O banco mais rentável do mundo, no ano passado, também usa a IA para identificar e comunicar os usuários de seu assistente virtual, chamado Eno, sobre aumentos em serviços por assinatura no cartão de crédito. No Brasil, uma das novas fronteiras da IA, em 2023, é o reconhecimento de voz e a integração de chatbots a assistentes virtuais, como Alexa, Google e Siri.

Big data

O Open Finance, que inclui o Open Banking, é também conhecido como sistema financeiro aberto, por permitir a troca de informações dos clientes entre as instituições, quando autorizadas por eles. Com a sua implementação, a Febraban estima que os bancos brasileiros vão elevar os investimentos tanto em Customer Relationship Management (CRM) quanto em big data.

Marcio Martin, vice-presidente da green4T na América Latina. Foto: Divulgação
Marcio Martin, vice-presidente da green4T na América Latina. Foto: Divulgação

A necessidade de organizar, integrar e analisar esse volume crescente de dados deve levar o mercado de big data analytics a se expandir globalmente a uma taxa composta de 23% ao ano, até 2028, indica o último estudo da Mordor Intelligence. Além de ajudar na detecção de fraudes e na melhoria de processos, o maior volume de informações é visto como estratégico pelo mercado, por permitir a personalização e o desenvolvimento de produtos e serviços.

O cruzamento de uma variedade crescente de fontes, que vão de transações financeiras e informações de redes sociais a interações diretas, vai permitir que os bancos tenham uma visão cada vez mais completa, matizada e contextualizada dos clientes.

A relação de variáveis demográficas com o histórico de transações e ofertas recusadas no passado, por exemplo, pode evidenciar padrões que irão ajudar no desenvolvimento de ofertas, produtos e serviços personalizados, com maior potencial de vendas. Ou dar origem a opções de cross-selling (venda de produtos complementares). Tudo em ciclos de desenvolvimento cada vez mais curtos, de dias ou semanas, em vez de meses, afirma a consultoria McKinsey.

5G

A recente chegada do 5G ao mercado foi um marco para a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) e, em função disso, sua expansão abre novas fronteiras para os bancos. A começar pelo fato de que qualquer dispositivo “usável” (wearables), conectado à internet, poderá se tornar um meio de pagamento – relógios, óculos e anéis, por exemplo. Soluções de pagamento com menos “fricção”, baseadas em biometria e reconhecimento facial, também vão se tornar bem mais comuns.

Além disso, mais dispositivos conectados à internet significam mais informações sobre os clientes e seus hábitos de consumo, que poderão ser traduzidos na personalização de produtos e serviços. O 5G permite a conexão de até 1 milhão de dispositivos por quilômetro quadrado, contra 10 mil no 4G. No setor agrícola, por exemplo, existe a expectativa de que, com mais informações sobre a produção, atualizadas com mais frequência, será possível avaliar melhor os riscos envolvidos (com o auxílio de IA) e oferecer aos produtores ofertas de crédito personalizadas.

A infraestrutura de TI desempenha um papel crucial na aceleração dessas novas tecnologias, e é fundamental analisar onde, conforme a demanda, o processamento de dados deve ocorrer: no data center on-premise, no edge computing, ou na nuvem. Além disso, os serviços gerenciados são essenciais para garantir disponibilidade, segurança e sustentabilidade da operação, permitindo que as organizações aproveitem ao máximo as vantagens proporcionadas pela IA, big data e 5G.

O outsourcing desses serviços com empresas especializadas permite que as organizações mantenham o foco no seu negócio e no crescimento, assegurando que a gestão da infraestrutura de TI esteja nas mãos de profissionais experientes. Nesse contexto, a escolha da infraestrutura de TI, a implementação de serviços gerenciados eficientes e a parceria com empresas especializadas são fatores críticos para o sucesso no setor financeiro e a conquista de vantagem competitiva.

*Marcio Martin é vice-presidente da América Latina na green4T, empresa brasileira de soluções de tecnologia e infraestrutura digital.

As opiniões neste espaço refletem a visão de founders, especialistas e executivo(a)s de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.

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