O plano da Sim, fintech do Santander, para conceder mais de R$ 5 bi em crédito neste ano

Com a união entre Sim e Mais Vezes, a fintech espera aumentar em cerca de 20% a 25% a originação de crédito em 2023

Desde que o executivo Mario Leão assumiu o comando do Santander no Brasil, em janeiro de 2022, o banco vem tentando se posicionar como uma empresa de consumo, que vai além dos produtos e serviços financeiros. A estratégia passa por explorar as sinergias entre os negócios do grupo, o que levou, por exemplo, à junção entre a fintech de crédito pessoal Sim e a plataforma Mais Vezes, especializada em financiamento de compras no varejo.

Com a união, que começou no ano passado e acaba de ser consolidada, a “nova” Sim amplia o portfólio e passa a ter debaixo do seu guarda-chuva também o crédito direto ao consumidor, em áreas como energia solar, móveis, turismo, tecnologia, saúde, entre outros. Por meio da financeira do grupo, a Santander Financiamentos, o parcelamento de compras de produtos e serviços é oferecido via parceria com mais de 20 mil lojistas.

Ao mesmo tempo, com a combinação das operações, a ideia é levar as linhas de empréstimo pessoal (com e sem garantia) hoje disponibilizadas na plataforma digital da Sim como alternativas que os varejistas poderão oferecer aos seus consumidores.

“Imagina que o cliente está comprando um móvel e falta dinheiro. O lojista terá a opção de complementar a oferta com outro tipo de financiamento”, afirma Márcio Giovannini, CEO da Sim, em entrevista exclusiva com o Finsiders.

Ecossistemas de consumo

Nesta direção, o banco está lançando o que vem sendo chamado de “ecossistemas de consumo”, em torno de alguns segmentos. O primeiro foi “Energia +”, com foco em financiamento de placas fotovoltaicas. “Agora iremos também para decoração. Com os ecossistemas, o objetivo é juntar o mundo físico com o tecnológico e levar isso para os clientes do banco”, explica o executivo — que está há mais de 20 anos no Santander, nove deles no Brasil e construiu a carreira principalmente nas operações de varejo.

Com a fusão das estruturas, a expectativa da Sim é aumentar em cerca de 20% a 25% a originação de crédito neste ano, para mais de R$ 5 bilhões. Em 2024, o portfólio deve chegar a R$ 10 bilhões, diz o CEO. “É uma carteira que gira bastante”, afirma Márcio.

A fintech não revela quantas pessoas já tomaram crédito na plataforma, mas o executivo diz ter mais de 9 milhões de clientes cadastrados na base. Com o novo modelo de negócio, a intenção é atender mais de 50 milhões em todo o Brasil.

Marcio Giovannini, CEO da Sim, fintech do Santander. Foto: Divulgação
Marcio Giovannini, CEO da Sim, fintech do Santander. Foto: Divulgação

As projeções são otimistas, mesmo com o ambiente de juros altos e inflação elevada. No ano passado, assim como outros players do setor, a Sim priorizou as linhas de crédito com garantia, diante das incertezas do quadro macroeconômico.

“Nossa realidade é parecida com a do banco. Em 2022, fomos mais restritivos e focamos em produtos com garantia. Agora em 2023, reduzimos o impacto da inadimplência e estamos com expectativa de bom crescimento.”

Não à toa, o “carro-chefe” (com o perdão do trocadilho) da plataforma é o empréstimo com garantia de veículo, conhecido no mercado também como ‘car equity’ e disputado por players como Creditas e banco BV.

A maior parte (mais de 60%) dos créditos originados pela fintech têm algum tipo de colateral, com destaque para os veículos. “Muitas vezes a pessoa tem um carro quitado e uma dívida mais cara. É um produto que o consumidor está começando a aprender que existe.”

‘Porta de entrada’ para o banco

Para se diferenciar, a Sim investe no aumento da cobertura dos canais de comercialização, com ofertas de crédito em pontos de venda físicos, além de novas ferramentas para tornar a jornada mais simples e quase sem interação humana. “Estamos fazendo testes de atendimento usando ChatGPT”, exemplifica o CEO.

A fintech também tem funcionado como uma espécie de “porta de entrada” para novos clientes no Santander. São pessoas que contratam empréstimos na Sim e, com a evolução no relacionamento e a necessidade de novos produtos, se tornam correntistas do banco. Isso ajuda a explicar a união dos dois negócios complementares. “Uma vez que conhecíamos o cliente pelo Mais Vezes, iniciava-se um relacionamento, mas faltava continuarmos falando com a pessoa em sua jornada”, aponta Márcio.

Juntos, ‘pero no mucho’

Daqui para frente, a ideia é aproveitar ainda mais as conexões entre Sim e Santander, nos diferentes canais de relacionamento com o cliente. “Viramos um pouco ‘canal’ e um pouco ‘produto’”, diz o executivo. “Por exemplo, já colocamos o crédito com garantia de veículo para o aplicativo do banco, agora vamos levar para o mundo das agências”, cita o CEO.

Atualmente, a fintech possui 120 funcionários diretos, além de um time de consultores que atendem os lojistas parceiros. Assim como outras “ventures” do Santander — estratégia adotada pela instituição para concorrer com os novos entrantes —, a equipe da Sim fica em uma estrutura separada do banco, no prédio do Farol Santander, no centro de São Paulo.

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