Apesar de ser citado como exemplo de sucesso mundial, o Open Finance brasileiro ainda tem muito o que evoluir. “A taxa de renovação de consentimentos no Open Finance é de apenas 4%. Isso para nós é um termômetro claro de que o cliente não vê valor”, disse Edilson Reis, CIO e diretor-executivo do Bradesco.
O executivo participou do painel “A tecnologia no centro dos negócios”, que reuniu diretores de tecnologia dos bancos no segundo dia da 33ª edição do Febraban Tech. A matéria é do portal parceiro Fintechs Brasil.
No Open Finance, os consentimentos atingiram 31 milhões em maio; de acordo com a pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023, há 469 milhões de contas ativas no país.
Desafios
“Muita gente nem sabe que precisa renovar o consentimento”, disse Luis Bittencourt, CIO do Santander Brasil e CEO da F1RST Digital Services.
“Não é trivial, temos vários desafios”, afirmou Ricardo Guerra, CIO do Itaú Unibanco. “Temos a oportunidade de conhecer melhor o cliente, mas não basta capturar o dado, é preciso saber usar; ainda estamos aprendendo a fazer a oferta certa no momento certo”.
Para Bittencourt, do Santander, os bancos incumbentes têm de lidar com o desafio de compartilhar os dados dos clientes – e eles, clientes, estão começando agora a entender isso. “O Open Finance muda o jogo, nos leva a considerar a centralidade no cliente do ponto de vista deles. Tem players muito bons no mercado nos desafiando todo dia com melhores experiências”.
Reis, do Bradesco, considera que o grande desafio é, de fato, o cliente sentir que faz sentido dar aquele consentimento, porque ele está vendo algum benefício. “Temos mais informação, conhecemos melhor o nosso cliente – ok, mas como é que a gente aplica isso na prática para trazer mais vantagens e benefícios a ele? Uma taxa de renovação de 4% não é a que nós esperávamos, dado que, do nosso ponto de vista, estamos entregando benefícios”.
Regras
O compartilhamento dos dados pessoais de clientes ou de serviços do escopo do Open Finance depende de prévio consentimento por parte dos respectivos clientes. O consentimento deve se caracterizar como manifestação livre, informada, prévia e inequívoca de vontade, feita por meio eletrônico, pela qual o cliente concorda com o compartilhamento de dados ou de serviços para finalidades determinadas, diz o site do Banco Central. E precisa ser renovada anualmente.
No dia 27, terça-feira, Matheus Rauber, assessor sênior no departamento de Regulação do BC, havia cobrado mais “criatividade” por parte dos bancos durante sua participação no painel “Open finance e a evolução dos serviços agregados”, também durante o Febraban Tech. “Reconhecemos o comprometimento em implementar as novas regulações, mas o BC espera mais criatividade e a entrega de novos produtos ao consumidor”, disse. Para ele, ainda há poucos produtos sendo oferecidos.
*Este conteúdo foi originalmente publicado no Fintechs Brasil.
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