Quitar dívidas, investir em outro imóvel ou no próprio negócio são os principais motivos pelos quais as pessoas buscam o CGI, ou crédito com garantia de imóvel. Também conhecida como home equity, a modalidade tem crescido no país com a entrada de bancos digitais e fintechs que têm foco neste tipo de operação, além do cenário de juros altos.
De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o valor das concessões teve um crescimento acumulado de mais de 80% nos últimos quatro anos, representando um volume anual de US$ 14 bilhões.
Surfando nessa onda, surgiu, em 2020, a fintech goiana Crediblue, com o objetivo de ajudar as micro, pequenas e médias empresas, no momento em que o mundo passava pelo momento mais crítico da pandemia. A startup especializada em home equity para o mercado B2B2C oferece soluções digitais para a oferta de crédito. Desde então, cresce via bootstrap, sem a necessidade de investimentos externos.
“Em 2020 foi o momento de lançar o MVP na rua e começar a entender o mercado, o próprio negócio, em pensar como aprimorar a solução. Criamos um simulador de crédito e soltamos no mercado para poder ter essa frente de originação de novas operações”, conta o fundador e CEO da fintech, Marco Antônio Raimundo, em conversa com o site parceiro Startups para a série Além da Faria Lima. Segundo ele, no ano seguinte houve um movimento de horizontalização, de aumentar a base de parceiros e olhar para novos mercados.
Por meio de sua plataforma, a Crediblue permite que seus 1.100 parceiros – em sua maioria consultores financeiros – submetam propostas dos seus clientes. Dessa forma, proporcionam acesso ao crédito com garantia de imóvel, por meio de taxas flexíveis, análises ágeis e avaliação de imóveis em todo o país.
Tecnologia, estruturação e funding
A mágica acontece por meio de três pilares: tecnologia, estruturação e funding. A tecnologia é a plataforma desenvolvida pela startup para sustentar a operação. É por ela que os parceiros trazem as potenciais operações. Desde 2020, foram R$ 7,5 bilhões em operações. Desse volume, R$ 300 milhões viraram contratos de crédito efetivamente.
Depois que os documentos e informações são carregados na plataforma, são acionadas as esteiras de crédito, risco e garantia, que constituem o segundo pilar: a estruturação. Já o funding trata-se da parte de gestão dos ativos. Envolve, então, o relacionamento com potenciais investidores através dos FIDCs atrelados à plataforma.
Consolidação do negócio
Conforme explica Marco Antônio, foi em 2022 que o negócio de fato se consolidou e atingiu o breakeven. Naquele ano, a Crediblue conseguiu avançar com um novo FIDC destinado a conceder crédito para micro, pequenas e médias empresas e empresários individuais (MPMEs) de todo Brasil.
A façanha foi feita em parceria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a gestora Genial. O portfólio de até R$ 500 milhões disponíveis é originado pelos ativos da Crediblue, enquanto o fundo receberá parte dos recursos do BNDESPar, por meio da cota sênior.
A partir dali, o negócio, que já estava em crescimento, ganhou mais fôlego. Segundo o CEO, a Crediblue cresceu 26% nos nove primeiros meses de 2023, comparado ao mesmo período de 2022, mesmo com todos os desafios de mercado e do cenário econômico.
Com a aprovação, neste mês, do Marco Legal das Garantias de Empréstimos, a fintech deve se beneficiar e crescer ainda mais no próximo ano. O projeto tenta baratear o crédito no Brasil reformulando as regras sobre as garantias de empréstimos. Assim, promete impulsionar o acesso ao home equity.
Para 2024, o plano estratégico da Crediblue envolve prover ainda mais agilidade às operações. “Em 2024 queremos trazer a maior celeridade possível em um ambiente totalmente integrado. Queremos formalizar os contratos de forma quase instantânea e fazer todos os processos em cartório interligados à nossa plataforma”, afirma Marco Antônio.
*Conteúdo publicado originalmente pelo portal parceiro Startups.
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