Por Ricardo Ferreira*
Embora conceder crédito seja oportunizar o crescimento e a expansão de companhias, de profissionais liberais e, consequentemente, da sociedade como um todo, sabemos que tal estratégia envolve riscos financeiros que podem resultar em prejuízos significativos — se não gerenciados e concedidos sem o respaldo de dados e análises.
Para se ter uma ideia, o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil, feito pela Serasa em julho deste ano, aponta que o país soma 71,41 milhões de brasileiros em situação de inadimplência. As faixas etárias com as maiores fatias da população (35%) com nome restrito são de 41 a 60 anos. Em seguida vêm quem tem entre 26 a 40 anos (34,6%). E acima de 60 anos, 18,3%.
Ao analisar esse levantamento, então, é possível constatar que a mitigação do risco da concessão de créditos segue sendo complexa, haja vista a quantidade de fatores, abordagens e metodologias distintas, que são utilizadas por empresas dos mais variados tipos e tamanhos. Isso inclui desde bancos tradicionais até pequenas empresas.
Desafio dos clientes sem histórico financeiro
Porém, atualmente é inegável dizer que, independentemente da sistemática de cada organização, a tecnologia e a inteligência de dados têm desempenhado um papel fundamental no processo de diminuição dos riscos. Auxiliam, assim, em tomadas de decisões mais assertivas, seja para conceder crédito ou para negá-lo.
Essa afirmação se torna ainda mais verdadeira quando falamos de conceder crédito para pessoas que não possuem histórico financeiro ou bancário. Aliás, esse é um dos grandes desafios para as instituições financeiras que, ao mesmo tempo em que precisam manter o índice de inadimplência baixo, devem manter a carteira de clientes sempre em ascensão. Isso implica na busca por alternativas que permitam às instituições conhecer melhor os perfis dos indivíduos que ingressaram recentemente no sistema financeiro tradicional, para transformar o “não” em um “sim” sempre que possível.
É totalmente viável conhecer estes indivíduos que até então não possuíam vínculos bancários. Uma estratégia eficaz para potencializar essa análise de crédito é complementar as técnicas tradicionais com informações comportamentais, geográficas e demográficas. Além de uma visão 360º dos clientes, essas informações complementares indicam as reais capacidades de pagamento de cada indivíduo. Dessa forma, isso permite às instituições financeiras conhecerem melhor seus clientes e aqueles potenciais para, inclusive, oferecer melhores linhas de crédito, produtos e serviços que mais se adequam a cada pessoa.
Inteligência de dados + tecnologia
A inteligência de dados e a tecnologia, quando aliadas às metodologias tradicionais de análise de crédito, evidenciam aos profissionais da área, informações cruciais como interesses, hábitos, região de moradia, etc. São dados que resultam em previsibilidade e entendimento do contexto financeiro e pessoal dos clientes. Logo, as instituições financeiras podem evitar recusas de crédito por não terem informação suficiente para tomar uma decisão assertiva.
Ao aprofundar a compreensão dos comportamentos individuais, as instituições financeiras podem não apenas sofisticar o processo de tomada de decisão de crédito, como também auxiliar enormemente outros processos de negócio da empresa. Até porque isso provê insumos para a criação de abordagens mais personalizadas e focadas nas preferências de cada cliente.
Sabemos que as organizações que concedem crédito terão sempre que lidar com a complexidade intrínseca ao setor. Entretanto, é perfeitamente possível driblar esse entrave por meio da inteligência de dados e análise de comportamento do cliente.
Apenas complementando a metodologia tradicional com informações estratégicas, as instituições financeiras garantirão abordagens mais satisfatórias e com maior previsibilidade quando o assunto é análise e concessão de crédito. Porque no mundo do crédito a agilidade e a precisão são a chave para o sucesso financeiro. Ou seja, os dados complementares transformam o “não” em um “sim”.
*Ricardo Ferreira é COO da Cinnecta, plataforma de inteligência de dados especializada em análise de comportamento.
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