Com a introdução de tecnologia de ponta, as insurtechs conseguiram melhorar a oferta de produtos e a experiência na contratação de seguros ao longo dos últimos anos. Na América Latina, porém, as inovações estão em estágio mais lento na comparação com outras geografias. A análise está em um novo relatório produzido pelo fundo de venture capital Iporanga Ventures e divulgado com exclusividade ao Finsiders.
O ritmo das mudanças é mais vagaroso, em especial, do que a América do Norte, onde há um mercado “mais maduro” e “uma forte cultura” voltada ao consumo de seguros. Neste sentido, a realidade local não tem sido favorável devido a quatro aspectos principais.
O primeiro deles é a alta barreira de entrada e a burocracia. O relatório aponta que para iniciar um negócio no segmento é necessário uma quantidade “considerável” de capital. Esse gargalo afeta diretamente a capacidade de novos empreendedores em tirar projetos do papel.
O outro é a ausência de uma cultura mais propensa à aquisição de apólices. Como exemplo, a Iporanga lembra que apesar do seguro automotivo ser o mais comum no Brasil, apenas 30% da frota do país possui cobertura de seguro.
Uma terceira barreira é a baixa renda da população local, com uma média mensal de US$ 332 em 2023. Isso requer prêmios baixos nas contratações, criando um descompasso com os riscos elevados. O quarto ponto é a regulação mais intensa no setor.
Evolução
Mesmo com os problemas, a perspectiva é positiva para o futuro, segundo o VC. “Esperamos que o mercado de seguros Latam acompanhe outras geografias a médio prazo. [As evoluções de] mercado, a regulamentação e os desenvolvimentos tecnológicos estão acontecendo. Então acreditamos que a América Latina terá um panorama mais competitivo”, diz.
O resultado deve ser um serviço de nível mais elevado para o cliente final, mais opções de produtos, acessibilidade e produtos mais baratos.
Enquanto os players tradicionais se mostram “incrivelmente resilientes”, por conta da regulação, complexidade de produto, conexões de distribuição intermediadas e a grande necessidade de capital, eles avançam aos poucos com a transformação digital, flexibilidade regulatória, novos entrantes e a mudança de comportamento do consumidor.
Oportunidades
Por sua vez, as insurtechs demonstram dificuldade para prosperar. O paper lembra que o mercado de seguros Latam é composto, basicamente, por players tradicionais que operam há décadas. Mas, como “são nas dificuldades que se encontram as melhores oportunidades”, o documento frisa que, olhando para as transformações recentes, há empreendedores tentando mudar a lógica engessada da indústria.
“As insurtechs cresceram e estão aproveitando tecnologias modernas para fornecer um conjunto diversificado de novas coberturas e reinventar sistemas de negócios, distribuição de modelos, processos de subscrição, fraude e prevenção, e muito mais”, afirma o paper.
Na região, a emergência dos desafiantes serve como uma espécie de efeito “catalisador” para os incumbentes, forçados a se adaptarem à mudança de cenário.
Inovações tecnológicas
As transformações daqui em diante dependem da adoção de algumas tecnologias e fatores. Do lado das inovações tecnológicas, a inteligência artificial (IA) é lembrada como uma forma de facilitar as subscrições, a customização da oferta de produtos e automatização das reivindicações.
A exemplo do que ocorre com o ‘embedded finance’, a distribuição embarcada de apólices é uma das apostas. O relatório lembra que o modelo integra a oferta durante a experiência do usuário de maneira “contínua” e “invisível”. E, uma vez que não existe a necessidade de separar as ações do usuário, os consumidores não percebem o consumo de produtos de seguro.
Entre as apostas para o longo prazo, o Open Insurance desponta ao permitir o compartilhamento de dados relativos a produtos e serviços, viabilizar que os usuários compartilhem seu histórico de consumo e possibilitar a portabilidade de produtos contratados a outros provedores.
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