A B3 acaba de lançar uma solução de ativos tokenizados para plataformas de crowdfunding (investimento coletivo), com o objetivo de facilitar a captação de recursos por startups, assim como a negociação de participação no mercado secundário.
O desenvolvimento da tecnologia foi em parceria com a B3 Digitas, empresa do grupo especializada em produtos para ativos digitais, e teve apoio de Kria e EqSeed, duas das mais longevas plataformas de investimento em startups no país.
Em nota, a B3 informa que a solução permitirá a tokenização dos contratos de investimento coletivo (CICs) e dos ativos emitidos nas plataformas de crowdfunding durante as captações primárias. Esses tokens poderão ser negociados posteriormente pelas plataformas que utilizam a tecnologia da B3, com liquidação financeira via Pix, controle de titularidade e rastreabilidade das operações.
“Estamos trazendo para o mercado uma solução white-label [com a marca do cliente] ágil e segura, que possibilita ao setor de crowdfunding oferecer um ambiente para que os investidores possam transacionar sua participação em startups e pequenas e médias empresas”, diz Jochen Mielke de Lima, CEO da B3 Digitas. O executivo cita, ainda, que o uso do financiamento coletivo acaba sendo, muitas vezes, o primeiro passo das empresas no mercado de capitais.
O lançamento ocorre duas semanas depois que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou a bolsa do Brasil a oferecer essa tecnologia. A B3 informa que ofertará a infraestrutura para tokenização e negociação de ativos. Porém, não atuará como contraparte central nem interferirá nas operações feitas, que continuarão sendo gerenciadas pelas plataformas de crowdfunding, assim como o relacionamento com startups, empresas e investidores.
Liquidez
Na visão dos empreendedores que lideram Kria e EqSeed, a novidade é positiva tanto para impulsionar as captações, quanto para aumentar a liquidez do mercado de crowdfunding — um dos principais desafios enfrentados pelo segmento para conseguir ganhar mais fôlego no país. A Resolução CVM 88, atualizada em 2022, liberou a realização de transações subsequentes desses ativos.
“Desde quando começamos o Kria, em 2014, o maior desafio que encontrávamos com os investidores dizia respeito à liquidez dos ativos”, afirma Camila Nasser, cofundadora e CEO do Kria, em nota. “A B3 se apresenta como a parceira ideal para implementar uma solução tokenizada que facilita transações secundárias — aumentando liquidez e atraindo cada vez mais investidores ao mercado”, diz Greg Kelly, CEO da EqSeed.
Tendência
A movimentação da B3 acontece num momento em que a tokenização ganha força no setor financeiro. Do lado do mercado de capitais, por exemplo, a CVM tem como uma das pautas prioritárias para este ano atualizações nas regras das plataformas de investimento coletivo, conforme o Finsiders Brasil mostrou em fevereiro.
No âmbito do sandbox regulatório da CVM, a tokenização já vem ocorrendo, inclusive para negociações secundárias. Um exemplo é a Estar, da SMU Investimentos, que desenvolveu um mercado secundário de startups em parceria com Demarest Advogados, Digitra.com e nTokens.