Responsáveis por cerca de 23% do volume transacionado via cartões no Brasil, as compras não presenciais atingiram R$ 225,3 bilhões no primeiro trimestre deste ano. A quantia significa uma alta de 18,4% ante igual intervalo de 2023. Nesse tipo de operação, o maior crescimento (19,6%) foi dos cartões de débito, que vêm ganhando mais espaço nas transações online, onde nunca “pegaram” de fato. Os dados são da Abecs, associação que representa o setor.
Apesar do aumento nos primeiros três meses do ano, o débito movimentou R$ 3,6 bilhões no período nesse tipo de operação. A participação da modalidade nas cifras totais, portanto, é de apenas 1,65%. Em conjunto com a indústria, a Abecs vem liderando uma série de medidas para “reviver” o débito, em meio ao avanço acelerado do Pix. Uma delas é o débito sem senha para transações de baixo valor.
Outra iniciativa é o “click to pay”, que promete facilitar compras online com cartões — em fase de testes, a tecnologia deve incluir o débito ainda neste semestre. “Estamos tendo um crescimento absurdo desde o lançamento, mas vai levar alguns meses para vermos a evolução. Nem todas as bandeiras estão embarcadas”, disse Giancarlo Greco, presidente da Abecs, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (15).
De acordo com o executivo, que também é CEO da Elo, o crescimento do débito nas compras remotas tem sido maior do que o esperado nos últimos cinco anos. Na comparação com o primeiro trimestre de 2019, antes da pandemia, a expansão foi de 454,7%. Nesse mesmo intervalo, o cartão de crédito avançou 208,5%. “Isso mostra que as ações da indústria como um todo vêm surtindo efeito no curto prazo.”
Aproximou, pagou
No primeiro trimestre de 2024, os pagamentos por aproximação mantiveram a tendência de forte crescimento que vêm apresentando nos últimos anos. Foram R$ 305,5 bilhões, um incremento de 56,8% em relação aos três primeiros meses de 2023. Mais da metade desse volume vêm de cartões de crédito (R$ 170,7 bilhões), seguidos por débito (R$ 81,3 bi) e pré-pago (R$ 53,4 bi).
De acordo com a Abecs, quase 60% das compras presenciais com cartões são feitas por aproximação. Em março de 2021, essa representatividade era de somente 8%, subindo para 29,5% no mesmo mês do ano seguinte e para 45% em março de 2023. “A tendência é que os pagamentos por aproximação continuem tendo cada vez mais espaço na indústria como um todo. A velocidade de adoção é enorme”, afirmou Giancarlo.
Números gerais
Nos três primeiros meses do ano, o volume transacionado com cartões de crédito, débito e pré-pago foi de R$ 965 bilhões, aumento de 11,4% em relação a igual intervalo de 2023. O maior crescimento foi do instrumento pré-pago, que movimentou R$ 88,5 bilhões no período, alta de 27,9%. O crédito, por sua vez, avançou 14,4%, contabilizando R$ 635,2 bilhões. O débito, por sua vez, teve uma ligeira queda de 0,4%, para R$ 241,2 bilhões.
O mercado de cartões atingiu, no primeiro trimestre, recorde de 10,8 bilhões de transações, elevação de 11,3% ano contra ano. Segundo Giancarlo, o crescimento da indústria no período foi “robusto” e contribuíram para esses números o menor índice de desemprego e melhor desempenho do comércio.