A quantidade de usuários ativos no setor financeiro e de pagamentos brasileiro chegou a 163,6 milhões em dezembro de 2023. O número mais do que dobrou (103,2%) desde junho de 2018. É o que mostra o Banco Central (BC) em um novo boxe do Relatório de Economia Bancária 2023, publicado nesta quarta-feira (5). O maior crescimento percentual (244,5%) ocorreu entre pessoas jurídicas, que incluem microempreendedores individuais (MEIs).
O BC considera usuários ativos as pessoas físicas ou empresas de um determinado segmento (agrupamento de conglomerados com características similares) que tenham feito, nos últimos três meses, operações de pagamento (Pix e TED) ou de crédito (aqueles que possuem posição ativa no Sistema de Informações de Crédito, o SCR).
De acordo com o regulador, a métrica de usuários ativos permite avaliar de forma “mais precisa” a evolução do relacionamento dos consumidores financeiros com produtos e serviços. Isso porque muitos clientes abrem contas, porém não as movimentam. O mesmo ocorre com cartões de crédito, que acabam não sendo usados.
‘Salto na inclusão financeira’
O BC credita o que chama de “salto na inclusão financeira” a dois principais fatores: a abertura de contas para pagamento do auxílio emergencial no Caixa Tem durante a pandemia e o lançamento do Pix, em novembro de 2020. Outro aspecto que contribuiu para esse movimento foi a entrada de novas instituições no mercado, aponta o órgão.
Enquanto o número consolidado de usuários ativos (PF e PJ) cresceu 103,2% entre junho de 2018 e dezembro de 2023, os clientes PF passaram de 77,2 milhões para 152 milhões, ou seja, uma alta de 97%. Considerando a população adulta no país (com idade igual ou superior a 15 anos), 87,7% são usuários ativos de serviços financeiros.
Entre as empresas, houve uma elevação de 244,5%, saindo de 3,4 milhões de usuários ativos em junho de 2018 para 11,6 milhões no último mês de 2023. Nesse perfil de público, o BC incluiu os MEIs — aqueles pequenos negócios que faturam até R$ 81 mil por ano. Esse nicho de mercado está na mira de muitos bancos digitais e fintechs.
O ‘empurrão’ do Pix
Conforme o BC, a expansão mais acentuada da base de usuários ativos ocorreu a partir do segundo semestre de 2020, com o lançamento do Pix. E quem capturou mais desse “boom” foram as instituições de crédito digital/serviços — instituições de pagamento (IPs) e fintechs de crédito (SCDs e SEPs), por exemplo. De lá pra cá, o aumento de clientes PF foi de 3.000% nesse segmento. Entre os cinco maiores incumbentes, a alta foi de mais de 80%.
Essa fotografia é igual no caso dos usuários ativos PJ, que ultrapassaram a marca de 5,8 milhões. O segmento de crédito digital/serviços é o que apresenta mais clientes ativos do que os cinco maiores incumbentes na última data-base, aponta o BC. O sistema cooperativo, por sua vez, viu crescer em mais de 1,6 milhão o número de usuários ativos nesse mesmo intervalo.
O relatório do BC aponta também que os clientes PFs têm ampla utilização de cartões de crédito. Tanto é que cerca de um terço desse público tinha operações de crédito ativas no segundo semestre de 2023, incluindo saldo de operações ativas de cartão de crédito. Já entre os clientes PJ, mais da metade (54,3%) realizaram apenas operações de pagamentos no período, enquanto 38,9% fizeram tanto transações de pagamento quanto crédito.