Sob ameaças de novos entrantes, dois dos maiores e mais importantes setores da economia, o de telecomunicações e o de bancos, estão tentando se reinventar. Os bancos, ameaçados pelas fintechs e as operadoras, por serviços como Whatsapp – que vem reduzindo drasticamente a demanda por serviços de voz – deveriam se unir, “conversar” mais.
A opinião é dos diretores da Gemalto no Brasil, Ernesto Haikewitsch (marketing) e Sergio Muniz (vendas). Para ambos, as operadoras vão obter cada vez mais receitas de negócios B2B (entre empresas) do que com consumidores finais, e podem usar a robusta base de informações que tem – hoje no Brasil existe mais de um celular por habitante, por exemplo – para oferecer esses serviços. A Gemalto atua, exatamente, como facilitadora, viabilizando essas parcerias.
O presidente global da Telefonica, que no Brasil é dona da marca Vivo, disse recentemente que em cinco anos será difícil para as operadoras cobrarem por serviços de voz. Os bancos, por sua vez, já assumiram a concorrência das fintechs, que vem ameaçando suas receitas – e muitos inclusive vem se aliando a elas. O fato é que estamos vivendo a era em que o consumidor manda. E os segmentos tradicionais da economia já entenderam que vão precisar se adaptar.
Muniz lembra que os pop ups nas telas com mensagens é um produto sob medida para instituições financeiras, pelo seu alcance e baixo custo. A aproximação entre bancos e operadoras deve se intensificar nos próximos anos. “Sem necessidade de pedir autorização do usuário, o banco pode enviar mensagens oferecendo serviços e produtos, como migração para fatura digital, renegociação de dívidas e ativação de cartão de crédito. A partir de uma mensagem dessas, o banco pode também gerar ações como, por exemplo, direcionar o usuário para a web ou para baixar seu aplicativo”, diz o diretor.Para algumas outras ações, e preciso obter autorização – “opt in”, no jargão do mercado . “Mas as próprias mensagens pop up podem ser usadas para coletar essas autorizações”, afirma Muniz.
O uso desses pop ups na tela dos celulares começou em 2011 e hoje, somente a Gemalto envia mais de 600 milhões deles por mês. A empresa, de origem francesa, é especializada em segurança digital. Seu negócio é B2B e, embora tenha nascido com foco industrial – a produção de chips, SIM e tokens, que ainda fabrica – é a plataforma de prestação de serviços que mais cresce na companhia hoje: 30% das receitas vêm daí, informa Haikewitsch. A empresa, listada em bolsas, fatura hoje cerca de 3 bilhões de euros por ano, globalmente.
Outro exemplo de parceira entre bancos e operadoras é o desenvolvimento da tecnologia de pagamentos sem contato, o NFC. Hoje, somente a Cielo tem mais de 3 milhões de POS aptos a receber pagamentos contactless. “A ‘estrada’ no Brasil já está pronta para os pagamentos sem contato, faltam carros (os devices) e as leis”, diz Haikewitsch.