Dario Palhares
A Covid-19 quase levou a nocaute a Quero 2 Ingressos, startup de entretenimento baseada em Franca (SP). Mas serviu, em compensação, de estímulo para a criação de um “filhote”, a Quero 2 Pay, que vai muito bem, obrigado.
Lançada em abril de 2020, a fintech de meios de pagamento nadou de braçada durante a pandemia junto a pequenos e médios estabelecimentos comerciais, parcelando compras em até 18 vezes e efetuando os depósitos nas contas de seus clientes em D+1. Com oito meses de atividades, o volume mensal de transações realizadas pelas maquininhas Queridona Smart, o carro-chefe da casa, atingiu a marca de R$ 100 milhões, superando em dez vezes a projeção para o fecho do primeiro exercício, e segue com viés de alta.
“Chegamos a R$ 1,5 bilhão em apenas 18 meses”, diz o cofundador Eliézer Pimentel (ex-CloudWalk), que traça grandes planos para 2022. “Vamos nos tornar banco digital com o lançamento, agora em maio, do Q2 Bank. De início, recorreremos a um provedor de banking as a service, mas já pedimos ao Banco Central autorização para operar de forma independente.”
A abertura de contas bancárias será oferecida, num primeiro instante, aos titulares das cerca de 24 mil lojas equipadas com a Queridona Smart, cujo sistema utiliza a tecnologia Android. Até o fim do ano, as contas também estarão à disposição de pessoas físicas que realizam vendas por meio de terminais POS específicos da Quero 2 Pay, filão que começou a ser explorado há um mês, e o público em geral. Para garantir maior espaço nesse “mercado externo”, a fintech programa para o quarto trimestre a apresentação de um cartão crédito que garantirá recompensas.
“Os usuários do cartão Q2 Bank terão direito a cashbacks em compras efetuadas em nossas máquinas. Os prêmios serão pagos em uma moeda eletrônica, semelhante ao bitcoin, que estamos desenvolvendo”, diz Pimentel, que também prepara um terminal POS 100% inédito. “Estamos projetando uma máquina de pagamento para o Metaverso. Pretendemos nos tornar, em 2023, uma das primeiras empresas de meios de pagamentos a atuar nesse universo virtual.”
Com o reforço da cesta de produtos e serviços, a previsão é fechar o ano com 40 mil clientes pessoas jurídicas e um volume de transações de R$ 2,8 bilhões. Para garantir que esses números sejam atingidos, Pimentel vai reforçar o time de licenciados da casa, que começou a ganhar escala em janeiro e já soma 700 representantes. A meta é contar com 2 mil até dezembro. “A equipe de campo foi aprovada em testes realizados em Franca, em 2021”, diz ele. “A segurança transmitida pelos licenciados aos lojistas proporcionou retornos muito mais consistentes.”
Prestes a dar início a um intenso programa de expansão do negócio, o empresário avalia recorrer a outras fontes de funding. Depois de ter recebido, ainda no berço, um aporte de R$ 3 milhões da 7 Stars Ventures, de Ribeirão Preto (SP), a Quero 2 Pay encarregou o banco de investimento BR Partners de identificar e fazer o meio de campo com potenciais novos sócios. “Interessados não faltam, já que somos uma das raras fintechs que geram caixa”, assinala Pimentel, que se mostra satisfeito com o perfil dos candidatos. “Estamos sendo paquerados por alguns fundos de investimentos e temos propostas, inclusive, de investidores com maior expertise em tecnologia.”