Com a proposta de ser um neobank feito por brasileiros para brasileiros se tornarem cada vez mais globais, a Broad chega oficialmente hoje (27) ao mercado e lança ao público em geral seu aplicativo, disponível no Google Play e na Apple Store. A fintech nasce com uma conta e um cartão multimoedas (dólar, euro e libra), mas tem planos para ir além dessas soluções. A reportagem é do site parceiro FInsiders.
A Broad quer facilitar a vida do brasileiro em três frentes, principalmente: viagens para o exterior; compras e assinaturas em moedas internacionais; e diversificação e proteção do patrimônio com investimento em moedas. Para isso, a startup aposta em uma conta digital aberta normalmente em menos de cinco minutos, controlada pelo app, e que dá direito a um cartão de débito (físico e virtual) com bandeira Mastercard.
Para usar a conta e o cartão da Broad, os clientes fazem remessas do Brasil à Europa pelo app por meio do Pix. Para operacionalizar o câmbio, o neobank tem como parceiro o Banco Ourinvest.
Por ser uma remessa internacional, o IOF cobrado é de 1,1% e o spread cambial é de até 2% sobre a cotação comercial das moedas. Em contrapartida, cartões tradicionais têm IOF de 6,38% e spread cambial que podem passar de 6% sobre a cotação turismo, diz a startup.
De acordo com a fintech, a economia com taxas em relação a outros métodos de pagamento chega a 90%.
“No final das contas, o usuário chega a ter uma economia de até 10% sobre o valor final de cada compra”, afirma o fundador e CEO, Marcos Pileggi Filho, em entrevista exclusiva ao Finsiders.
Crescimento
A versão beta da solução foi lançada no fim do ano passado e, a partir de hoje, a Broad abre uma lista de espera para novos usuários. O empreendedor não revela projeções para este ano. “Já temos clientes usando. A partir de agora, a ideia é que a gente veja um número grande dessas pessoas na lista de espera usando o produto e recomendando para outras pessoas.”
A startup acredita em crescimento orgânico neste início do negócio e também vê potencial de expansão devido ao período de férias escolares, em julho, apesar da crise, com juros e inflação altos. “Temos visto o gasto com turismo internacional voltar a crescer, e queremos fazer parte dessa experiência”, aponta o fundador.
Os dados mais recentes divulgados pelo Banco Central (BC), referentes a fevereiro, mostram que os brasileiros gastaram US$ 805 milhões naquele mês, número 3x maior em relação a fevereiro de 2021, mas ainda abaixo do patamar de mais de US$ 1 bilhão registrado em consumo no exterior antes da pandemia. Em 2021, os gastos de brasileiros em terras gringas foram de US$ 5,2 bilhões, o menor valor em 16 anos, de acordo com o BC.
Em um mercado cada vez mais concorrido, a Broad não ficará limitada a uma conta multimoeda. “Criamos desde o início soluções para empoderar a comunidade. Por exemplo, tem a possibilidade de dividir despesas entre usuários, transferir para outras pessoas que têm a conta”, exemplifica Marcos. “Tem funcionalidade de analytics, com análise de gastos para que a pessoa possa se planejar para viagens futuras”, complementa.
Perguntado sobre outros produtos e serviços no roadmap, o empreendedor diz ter um pipeline e “eventualmente algum” pode ser lançado ainda este ano, mas ele não fornece mais detalhes.
“A gente realmente acredita que a Broad será parte da internacionalização dos brasileiros e latino-americanos em geral. A intenção é conseguir servir América Latina como um todo”, observa Marcos, sem abrir expectativas para o desembarque em outros países da região, depois do Brasil.
Trajetória
A Broad foi fundada por Marcos, advogado especializado em direito empresarial com mestrado em administração (ex-BMA Advogados e Wald Advogados), e pelo desenvolvedor de software Juliano Alves, que teve passagens por fintechs como Wise e Capital One.
No ano passado, a startup foi acelerada no ano passado pela Y Combinator, que assinou o primeiro cheque para o negócio. A empresa já recebeu uma nova rodada de captação e deve torná-la pública nos próximos meses, diz o fundador.
Mercado
A Broad chega num contexto de maior competição entre fintechs e bancos digitais que querem “globalizar” os brasileiros. O britânico Revolut, por exemplo, contratou Glauber Mota, ex-BTG Pactual, para liderar a operação brasileira do super app, que começará com uma conta global, com acesso a mais de 25 moedas e um cartão internacional aceito em 150 países, a ser lançada neste segundo semestre.
A também britânica Wise vem ampliando sua atuação no Brasil e no fim do ano passado lançou um cartão internacional. Já a Nomad acabou de levantar R$ 160 milhões para acelerar ainda mais seu ‘banco digital em dólar’. O Inter, que acaba de aterrissar na Nasdaq, colocou no ar recentemente uma vertical de ‘cross-border’, a partir da integração com a fintech norte-americana Usend, adquirida pelo banco.
Não faltam exemplos de neobanks e fintechs dispostas a capturar o brasileiro que está de olho no mercado internacional, seja para viajar, seja para investir seu rico dinheirinho. Os players incluem, ainda, Avenue Securities, Stake, C6 Bank e outros.
Finsiders é uma plataforma de conteúdo especializada no ecossistema de fintechs, fundada pelo jornalista Danylo Martins