Prestes a completar quatro anos de vida, a agfintech PagAgro prepara-se para escalar um projeto piloto iniciado no ano passado: o financiamento da safra para agricultores familiares. “Queremos democratizar o acesso ao crédito, fazer algo que nenhuma outra agfintech fez”, diz Larissa Pomerantzeff, fundadora da PagAgro.
O piloto foi testado com cerca de 20 famílias para as quais a agfintech concedeu empréstimos sem garantia. São plantadores de soja e hortifruti, principalmente no Nordeste, que contraíram créditos de até R$ 50 mil. O primeiro vencimento será agora no final do ano. Larissa está otimista com os resultados, e já projeta, para um futuro próximo, atender também cooperativas e pequenos produtores de outras culturas, como cana de açúcar.
“Agricultores familiares normalmente não têm acesso ao crédito, apenas a programas subsidiados do governo – mas o processo é tão burocrático que quando são aprovados, plantio já foi. Além disso, essas famílias têm datas diferentes de colheita que nem sempre obedecem ao calendário nacional, o que gera um descasamento”, explica Larissa.
“A gente já estava chegando nos produtores por meio das revendas, mas são grandes revendas e grandes produtores, sem restrição total de acesso ao crédito como as famílias. Agora, a gente quer olhar para grupos que estão à margem do crédito. Estamos aguardando os resultados para ter uma referência e escalar o atendimento a esse nicho de agricultores familiares”.
Quatro mil duplicatas
A PagAgro, porém, continua atendendo revendas, como sempre fez. Foram mais de 4 mil duplicatas descontadas, 748 produtores sacados, mais de 400 grupos e quase R$ 200 milhões de desembolso. Segundo Larissa, a carteira hoje tem zero de inadimplência.
“Tivemos alguns percalços na primeira safra, mas conseguimos resolver todos os casos, aprendemos muito e ajustamos nosso modelo de crédito. Nossa carteira cresceu de forma orgânica e cautelosa. Muitos clientes cresceram junto, alguns triplicaram seus limites de crédito conosco. Estamos na sétima safra, e agora estamos prontos para dobrar nossos volumes”, acredita a executiva.
O negócio da PagAgro é muito sazonal – são duas safras por ano: os agricultores descontam duplicatas para comprar insumos e plantar no final de setembro; quando colhem, vendem para as tradings e pagam os financiamentos. Segundo Larissa, a maioria dos clientes volta – o que dá à PagAgro uma certa previsibilidade.
A agfintech não tem medo de crescer, mesmo em meio a uma onda de calotes que ameaçam muitos credores em épocas de juros e inflação altos como agora.
Além dos modelos de análise de crédito e da expansão cautelosa da carteira, a inadimplência bem controlada pode ser creditada a outro diferencial da PagAgro, diz Larissa: ter o apoio dos 22 anos de experiência de Nubia Cruvinel, diretora comercial da agfintech: “Ter alguém no campo é fundamental. Cobrar agro sentado na Faria Lima não funciona”, brinca.
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