Fintechs

Fintechs criam soluções para entregadores e motoristas de aplicativos - Finsiders

Entregadores e motoristas de aplicativo, uma categoria de autônomos que cresceu substancialmente na pandemia com o aumento do desemprego, sofrem para comprovar renda e acessar crédito e outros produtos financeiros.

No mundo, algumas startups como a Lana e ImaliPay já peceberam o potencial desse mercado; aqui no Brasil, duas fintechs novatas, Plific e Trampay desenvolveram soluções que incluem conta digital, gerenciador financeiro, antecipação de recebíveis e produtos de seguros para atender um público que somava aproximadamente 1,5 milhão de pessoas ao final de 2021, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A reportagem é do site Finsiders.

Ambas vão concorrer com os serviços prestados pela Uber, por exemplo, que tem parceria com o Digio, banco digital do Bradesco, e a Rappi, que montou seu próprio banco digital, o RappiBank, a partir de um “acqui-hiring” com a Zen Finance.

O negócio da Trampay começou em 2020 com oferta de seguros em parceria com as empresas que contratam os entregadores e o aplicativo foi lançado em outubro do ano passado. “De menos de 100 contas abertas em outubro de 2021 passamos para 4,7 mil hoje. São entregadores que recebem os ganhos pela Trampay”, diz Jorge Júnior, CEO e cofundador da Trampay.

Desde janeiro, o volume movimentado dentro da plataforma foi de cerca de R$ 16 milhões, em mais de 70 mil transações. A fintech tem parceria com 10 operadores logísticos (OLs), que atuam em mais de 16 Estados e mais de 200 municípios pelo país. Hoje, a Trampay oferece uma plataforma com serviços financeiros básicos (carteira digital, com funcionalidades de pagamento de contas, transações via Pix e recargas de celular, por exemplo) para os entregadores.

No início do ano, a fintech lançou um serviço de split de pagamentos para os OLs e, há cerca de um mês, colocou no ar a antecipação de recebíveis para os usuários, com taxa fixa de 3,99% por adiantamento feito.

“É como se fosse um saque emergencial”, afirma Jorge. Até agora, foram emprestados cerca de R$ 200 mil. “Hoje só atendemos 2% da base ativa de usuários”, complementa ele, revelando o potencial de crescimento da modalidade, que atualmente tem tíquete médio de R$ 100 — os usuários antecipam por mês, em média, 5x.

Para o funding dessas operações, a fintech fechou uma parceria com a Gaia Securitizadora, de João Paulo Pacífico. A disponibilidade de capital para a antecipação de recebíveis atualmente é de R$ 1,5 milhão, e a Trampay está negociando uma nova operação de R$ 3 milhões com um player de mercado de nome não revelado.

Recebíveis

Também fundada em 2020, a Plific oferece uma solução de gerenciador financeiro pessoal (PFM, na sigla em inglês) que, na prática, agrega dados de diferentes contas de bancos, além de aplicativos como Rappi e Uber, para os os entregadores e motoristas de apps.

Segundo Bruno Moraes, cofundador e CEO, a ideia não é monetizar o negócio a partir do PFM, mas sim por meio de outros produtos e serviços. Um deles, por exemplo, acaba de ser lançado: a antecipação de recebíveis, em parceria com operadores logísticos (OLs). A modalidade, que tem uma taxa de serviço fixa de 4%, já adiantou R$ 63 mil em 380 operações, revela o empreendedor, com exclusividade ao Finsiders.

“Os entregadores recebem quinzenalmente, e isso é complicado para eles porque são autônomos. Se o veículo deles quebrar, não vai ter dinheiro para pagar o conserto e não vai conseguir continuar trabalhando”, diz Vinicius Maitan, product manager da Plific. “Antecipamos só o valor que a pessoa tem a receber, e nesse modelo, o entregador não fica inadimplente porque fazemos parceria com os operadores logísticos”, complementa. Hoje, a startup tem três OLs parceiros e negocia com outros dois.

O funding para os primeiros adiantamentos é próprio, mas a Plific já negocia um capital adicional de cerca de R$ 5 milhões com a EmCash, uma fintech que opera como Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP) e faz toda a parte regulatória hoje para a Plific, incluindo a emissão de CCBs.

Presente em mais de 650 municípios brasileiros, a Plific possui atualmente mais de 3,2 mil usuários e prevê chegar a 20 mil até o fim do ano. Estão na base, principalmente, entregadores e motoristas de apps, mas a solução também vem despertando interesse de profissionais liberais como médicos e psicólogos, além de donos e donas de casa.


Finsiders é uma plataforma de conteúdo especializada no ecossistema de fintechs, fundada pelo jornalista Danylo Martins