A Gerencianet, uma precursora das fintechs que oferecem serviços por meio de uma conta digital, é adepta do “devagar se vai ao longe”. Como boa mineira, sempre que planeja a entrada em novo nicho, a empresa, que nasceu há 15 anos em Ouro Preto (MG), não foge à regra da cautela: lança pilotos para testar, testar e testar.
É o que vem fazendo agora com sua solução de Iniciador de Transação de Pagamento (ITP), parte da terceira fase do Open Finance. Em junho, a Gerencianet foi a quinta a receber autorização do Banco Central para essa função, que na prática integra os clientes – a maioria empreendedores de negócios digitais, como e-commerce e aplicativos de delivery – ao sistema de compartilhamento de dados financeiros.
“Estamos divulgando o novo serviço no mercado, conectando os pares para fazer testes. O Open Finance só funciona em dupla, é preciso que as duas pontas da transação estejam conectadas e aptas a funcionar”, explica a gerente de produtos de Open Finance da Gerencianet, Karen Carvalho. “É um trabalho de formiguinha”.
Com a solução, o cliente da Gerencianet vai permitir que os compradores autorizem um pagamento dentro do seu site, plataforma ou aplicativo sem sair da tela de checkout. A conexão é realizada pela API (sigal em inglês para Application Programming Interface) da Gerencianet, encurtando a jornada de pagamento de sete para três etapas.
“Usando o ITP, o vendedor tem redução de riscos de fraudes e abandono de carrinho, aumento da conversão e das vendas, gestão eficiente dos recebimentos, redução de custos operacionais e oferece mais opções de meios de pagamento para seu cliente”, diz Karen.
Prova de conceito
Para ela, apesar de ser uma dor real – o entra e sai de aplicativos para pagar com PIX por QR Code ou copia-e-cola – há o desafio de educar os clientes e pagadores sobre o que é, quais as vantagens, a segurança e como funciona o Open Finance.
“O movimento ainda está tímido, precisa ver se a solução realmente vai pegar, se o cliente verá valor”, acrescenta.
Todas as instituições financeiras que são autorizadas pelo Banco Central e tem conta corrente e/ou digital, por lei, precisam entrar no jogo; hoje 90% dos top 15% estão funcionais – o que significa que já conseguiram as certificações e passaram nos testes de segurança.
A Gerencianet nasceu em 2007 em Ouro Preto para ajudar empreendedores a emitir cobranças via boletos.
Em 2019, conseguiu licença de Instituição de Pagamento na modalidade emissor de moeda eletrônica; em 2020, também na de emissor de instrumento pós pago, de credenciadora e Sociedade de Crédito Direto. De lá para cá, abraçou o PIX – do qual é participante direto – e mergulhou no Open Finance. Hoje, oferece conta digital com várias frentes de cobrança e recebimento, incluindo links de pagamento.
“Também já temos cartão, e preparamos novos produtos na área de crédito. A ideia é que os nossos clientes empreendedores possam não apenas abrir uma conta, mas resolver tudo por aqui”, informa a gerente.
Resultados
A empresa fechou 2021 com 300 mil clientes, entre pessoas físicas e jurídicas: “Não há restrição no sistema da Gerencianet, tem alguns que empreendem no CPF, de forma informal”, diz.
De janeiro a junho de 2022, o faturamento alcançou R$ 75 milhões frente a R$ 55 milhões no mesmo período em 2021. O lucro bruto foi de R$ 327 mil em 2021 para R$ 13 milhões em 2022; o lucro líquido foi de R$ 7,8 milhões no primeiro semestre de 2022. Para 2022, a expectativa é de um aumento de 30% no faturamento.
Outro destaque ficou por conta do total geral de movimentações financeiras, que envolvem todas as transações dentro do ecossistema da Gerencianet em cartões de crédito, débito e pré-pago, carnês, Pix, boletos e maquininha. A empresa registrou aumento de 69% em relação ao período anterior, totalizando R$ 10 bilhões em movimentações ante R$ 6 bilhões no mesmo período de2021.