NEGÓCIOS

Visa testa biometria no online e solução para combater fraudes no Pix

Para além de uma bandeira de cartões, empresa investe em tokenização de ativos, novos serviços de valor agregado e busca avançar no B2B

Fernando Amaral, VP de Produtos e Inovação da Visa, no evento Visa Day
Fernando Amaral, VP de Produtos e Inovação da Visa, no evento Visa Day

A Visa vai iniciar os testes com cartão de débito no Click to Pay no primeiro trimestre de 2025. Segundo Fernando Amaral, vice-presidente de Produtos e Inovação da bandeira, já há dois players prontos para começar os experimentos que vão exigir dois níveis de autenticação. Até agora, a tecnologia lançada neste ano está rodando apenas com cartão de crédito.

O Click to Pay, que funciona como uma espécie de carteira digital, permite ao consumidor fazer compras em e-commerces sem precisar digitar sempre os dados do cartão. A solução é uma das apostas da indústria de cartões, por exemplo, para tentar fazer o débito decolar nas compras online – algo que nunca aconteceu, de fato. A movimentação ocorre em meio à expansão do Pix como forma de pagamento nas lojas virtuais.

No caso do débito, a modalidade tem uma necessidade adicional de autenticação porque os recursos são debitados da conta do cliente, disse Fernando, em entrevista a jornalistas na terça-feira (3/12). “O primeiro nível de autenticação é de aplicativo para aplicativo, como acontece em wallets [carteiras digitais]. E o nível 2 é a autenticação por biometria”, explicou.

Mais segurança

Conforme o executivo, essa autenticação por fator biométrico utiliza os padrões FIDO. Trata-se de um protocolo de segurança global usado por big techs e grandes bancos no mundo todo e que também está por trás da Jornada Sem Redirecionamento (JSR) via Pix no Open Finance. “Não é uma resposta ao que vem sendo feito com Pix e iniciação de pagamento no Open Finance. É um aprendizado da nossa indústria. Basta vermos as empresas de wallets, a experiência com biometria funciona muito bem. Muitas indústrias estão adotando esse protocolo para ter mais segurança”, comentou.

Em menos de um ano de funcionamento do Click to Pay, a Visa registrou um aumento de 10 pontos percentuais na taxa de aprovação das transações, em comparação com os números do cartão de crédito físico. Atualmente, a Visa soma mais de 15 comércios habilitados com esse recurso. “Vemos uma aceleração grande acontecendo no mercado brasileiro em 2025 e em 2026 para começar a ganhar bastante escala.”

De acordo com o executivo, uma funcionalidade que deve impulsionar o Click to Pay é o que o mercado chama de push provisioning. Com ele, o cliente pode fazer um cadastro no aplicativo da sua instituição financeira, e automaticamente o emissor já envia os dados para o Click to Pay. “Vamos chegar até o fim deste ano com 1 milhão de credenciais. Para quem é cliente de Bradesco, Banco do Brasil ou Santander, essa funcionalidade já está disponível no app do banco.”

Só cartões?

Outra frente na qual a Visa vem crescendo e quer ganhar ainda mais relevância é a de serviços de valor agregado. Essa vertical, hoje, representa mais de 22% da receita global da companhia. Em soluções de segurança, por exemplo, a Visa vem realizando testes em 10 países com uma tecnologia de prevenção a fraudes em transações em tempo real, incluindo o Pix.

Por aqui, a expectativa é ter a solução em produção com seis clientes no primeiro trimestre de 2025, contou Gustavo Carvalho, diretor executivo de Serviços de Valor Agregado da empresa no Brasil. “O produto é o mesmo, mas há uma modelagem específica para cada país. No Brasil, nossa expectativa é fazer essa modelagem com aproximadamente 30% de todo o volume de Pix, o que é muita coisa.

Também num esforço de ir além dos cartões, a Visa lançou recentemente uma plataforma de tokenização de ativos. A Visa Tokenized Asset Platform (VTAP), como ela é chamada, já pode ser usada por bancos e fintechs em um ambiente de testes. “Estamos bastante avançados nessa frente. Participamos tanto de discussões sobre moedas digitais quanto de tokenização da economia no mundo todo”, disse Fernando. Segundo ele, a VTAP será utilizada pela Visa em conjunto com a XP no piloto do Drex, o Real Digital.

A Visa espera, ainda, ganhar mais força nas transações entre empresas (B2B). “PJ é a próxima grande fronteira”, afirmou Marcela Pinori, diretora executiva de Soluções Comerciais da companhia no Brasil. Entre os principais segmentos no radar estão pequenos negócios, agronegócio e governos. Um exemplo de movimentação nessa frente B2B foi o lançamento da Kob, um “cartão de crédito virtual” desenvolvido com a gestora Kobold.