Os bancos digitais e fintechs Stone, Nubank, XP, Inter e PagBank fecharam 2024 com crescimento no lucro, impulsionado pela ampliação da base de clientes, expansão da carteira de crédito e aumento da receita. Juntos, eles registraram alta de 62% no lucro líquido, saltando de R$ 12,7 bilhões para R$ 20,7 bilhões em 12 meses. Os resultados foram registrados em um cenário de volatilidade econômica, concorrência com bancos tradicionais e custos de crédito elevados. A último a divulgar foi a Stone, nesta terça-feira (18/3), fechando o grupo das cinco maiores instituições digitais brasileiras com ações em bolsas.
A Stone reportou um lucro líquido ajustado de R$ 2,2 bilhões, 41,3% superior ao de 2023 e acima da previsão inicial de R$ 1,9 bilhão. O volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) das pequenas e médias empresas foi de R$ 454 bilhões, um crescimento de 22,2%. A carteira de crédito aumentou quase quatro vezes, atingindo R$ 1,2 bilhão, enquanto os depósitos subiram 42%, para R$ 8,7 bilhões. A inadimplência acima de 90 dias foi de 3,6%. A empresa indicou que a rápida adoção do Pix QR Code impactou a previsão inicial de transações com cartão.
“Nos últimos dois anos, viemos consistentemente superando as expectativas dos analistas”, disse o CEO Pedro Zinner, durante a teleconferência de resultados. “Mesmo em meio à incerteza econômica, nossa abordagem fundamental permanece inalterada: um compromisso firme com o pensamento de longo prazo e alocação disciplinada de capital. Essa abordagem alavanca nossos pontos fortes existentes enquanto nos permite buscar novas oportunidades que de outra forma seriam inatingíveis”.
Receitas
O Nubank teve o maior lucro do grupo, com US$ 1,97 bilhão, quase o dobro do registrado em 2023 (US$ 1,03 bilhão). O banco ultrapassou 114 milhões de clientes, crescendo 22% no ano, com destaque para a expansão no México e na Colômbia. A receita subiu 58%, chegando a US$ 11,5 bilhões. A carteira de crédito cresceu 75%, totalizando US$ 11,2 bilhões. “2024 foi um ano transformador para o Nu. Alcançamos resultados históricos e seguimos focados na expansão e inovação”, disse David Vélez, CEO do Nubank, em nota.
O PagBank (antigo PagSeguro), por sua vez, registrou lucro líquido de R$ 2,3 bilhões em 2024, um avanço de 21% sobre o ano anterior. A receita foi de R$ 5,1 bilhões no quarto trimestre, com aumento de 18%. A carteira de crédito subiu 46%, para R$ 48 bilhões, e os depósitos cresceram 31%, atingindo R$ 36,1 bilhões. “Nosso desempenho comprova a capacidade de crescer com consistência, mesmo em um ambiente desafiador. Seguimos investindo em tecnologia e na expansão da nossa base de clientes”, afirmou Alexandre Magnani, CEO do PagBank, em comunicado à imprensa.
A XP encerrou o ano com um lucro de R$ 4,5 bilhões, 17% maior que em 2023. A receita bruta ultrapassou R$ 18 bilhões, com crescimento de 15%. No quarto trimestre, a empresa registrou lucro de R$ 1,2 bilhão, um avanço de 16%. O retorno sobre patrimônio líquido (ROAE) foi de 23,4%, um aumento de 2,3 pontos percentuais. A XP informou que os resultados estão alinhados com as metas de crescimento até 2026.
Custos elevados
O Inter teve um aumento proporcionalmente maior no lucro, que triplicou em relação a 2023, chegando a R$ 973 milhões. A receita líquida cresceu 35%, totalizando R$ 6,4 bilhões. A base de clientes atingiu 36 milhões, sendo 20,6 milhões ativos. O CEO João Vitor Menin afirmou no release de resultados que a empresa tem um dos menores custos de funding do setor e que a plataforma está bem posicionada para crescer nos próximos anos.
Todos disseram que enfrentaram um ambiente competitivo, com custos de captação elevados e a necessidade de diversificação de produtos. O Nubank expandiu sua carteira de crédito e ampliou a oferta com o NuCel e o NuTravel. A XP melhorou eficiência e avançou na oferta de investimentos. O PagBank investiu em tecnologia e novos produtos, enquanto o Inter aumentou sua taxa de ativação de clientes.
Para 2025, todos planejam continuar ampliando produtos e base de clientes. O Nubank e o PagBank devem seguir expandindo a carteira de crédito e depósitos. A XP projeta crescimento da receita entre 26% e 49% até 2026, e o Inter mantém a meta de 60 milhões de clientes até 2027. O mercado segue competitivo, com bancos tradicionais reforçando estratégias digitais e concorrência por rentabilidade e captação.
Os incumbentes
Juntos, os três maiores bancos privados brasileiros “incumbentes” e com ações em Bolsa registraram um lucro líquido de R$ 74,8 bilhões no ano. Esse valor representa um crescimento de 22% em relação a 2023, bem abaixo do que os “desafiantes”.
Mesmo assim, o avanço de Bradesco, Itaú Unibanco e Santander reflete estratégias mais seguras na concessão de crédito, segundo Lucas Sharau, analista de mercado e assessor na iHUB Investimentos. Eles priorizaram modalidades com garantias, como financiamento imobiliário e veículos. “O Itaú se destacou ao manter um apetite maior pelo risco no mercado de alta renda, alcançando o melhor resultado do setor bancário na história”, disse Lucas, em nota.