AGENDA

BC traça prioridades para melhorar a concessão de crédito

Novos serviços ligados ao Open Finance, evolução do Pix e mudanças no financiamento imobiliário estão na pauta do Banco Central para 2025

Rogério Lucca, secretário-executivo do Banco Central, na Live do BC
Rogério Lucca, secretário-executivo do Banco Central, na Live do BC | Imagem: print de tela

Novos serviços ligados ao Open Finance, uso do Pix como garantia de empréstimos, avanços na implementação das duplicatas escriturais e novas fontes de funding para o financiamento imobiliário são alguns dos temas prioritários na agenda estratégica do Banco Central (BC) para 2025. Direta ou indiretamente, todos refletem medidas em estudo ou já em desenvolvimento para melhorar a concessão de crédito no Brasil. 

Detalhes do que está na ordem do dia do regulador foram apresentados por Rogério Lucca, secretário-executivo do BC, na Live do BC. A transmissão ocorreu no canal do YouTube da instituição nesta segunda-feira (14/4). 

Open Finance e Pix

No caso do Open Finance, Rogério mencionou a portabilidade de crédito como um dos principais temas na agenda evolutiva do sistema para este ano. Além disso, ele comentou que o BC está estudando outras duas medidas. Uma delas tem como alvo as micro e pequenas empresas, o que inclui os microempreendedores individuais (MEIs). De acordo com ele, as iniciativas ainda estão “na prancheta” para, em seguida, serem discutidas com o mercado.

“Quando vão conceder crédito, os bancos geralmente analisam histórico das empresas, o giro do negócio. A ideia é que as empresas possam disponibilizar seu fluxo financeiro de forma padronizada para as instituições”, citou. “E outro serviço que estamos pensando é em um ambiente para que os clientes recebam ofertas de crédito de diferentes instituições.”

Na agenda evolutiva do Pix, também há um foco em serviços que aprimorem a concessão de crédito, tanto para pessoas físicas quanto para pequenos negócios. O Pix Parcelado, anunciado no último Fórum Pix com previsão de lançamento em setembro, é um exemplo disso. Outra iniciativa prioritária é o Pix como garantia de empréstimos

Ainda como evolução do Pix, que vem sendo denominado pelo BC como uma “infraestrutura digital pública”, Rogério destacou a criação do Pix Automático, com lançamento em junho. O regulador trabalha, ainda, no aperfeiçoamento do Mecanismo Especial de Devolução (MED). “Vamos fazer aperfeiçoamentos no MED para torná-lo mais efetivo, com maior capacidade de recuperar valores”, disse o secretário.

Crédito imobiliário, duplicatas escriturais e Drex 

Em meio a saída de dinheiro da caderneta de poupança, historicamente a principal fonte de recursos para o crédito imobiliário, Rogério disse que o BC estuda medidas para “melhorar o processo de concessão e fontes de funding” para essa linha. Segundo ele, o regulador vem conversando tanto com o governo quanto com o mercado para desenhar essas iniciativas. 

Em 2024, pelo quarto ano consecutivo, a poupança teve mais saques do que depósitos, registrando saldo negativo de R$ 15,5 bilhões, conforme o BC. “Com evolução da tecnologia, de modelos de negócio, avanço da educação financeira, as pessoas começaram a sacar recursos da poupança e a investir em outros ativos”, explicou Rogério.

O secretário-executivo do BC comentou, ainda, que em 2025 a autarquia dará continuidade à agenda das duplicatas escriturais (ou eletrônicas). “Se conseguirmos fazer com que esse recebível seja digitalizado e percebido pelo sistema como um todo, melhoramos significativamente o processo”, disse o secretário-executivo. “Estamos no processo de implementação [das duplicatas escriturais], e esse é outro tema que vamos privilegiar neste ano.”

O desenvolvimento do Drex e a tokenização de ativos também vão na direção de uma agenda com o objetivo de aprimorar o mercado de crédito no País. “Boa parte dessa agenda acaba atingindo um objetivo específico: melhorar a qualidade e o risco do crédito, para que o cidadão e as empresas tenham acesso a um crédito de melhor qualidade”, afirmou Rogério. 

Continuidade

O secretário-executivo do BC reforçou que as pautas prioritárias para 2025 concluem o planejamento estratégico que começou em 2019, primeiro ano de Roberto Campos Neto à frente da presidência do BC. Tradicionalmente, os ciclos são de quatro anos, mas, com a aprovação da autonomia do BC, essa agenda se estendeu por mais dois anos. Ou seja, em vez de ter acabado em 2023, será concluída em 2025, explicou Rogério.

Apesar da troca de presidente – com a entrada de Gabriel Galípolo no lugar de Campos Neto –, o secretário-executivo do BC garantiu a continuidade das medidas de inovação que marcaram a trajetória do regulador do setor financeiro nos últimos anos. “O BC não é um órgão de governo, mas sim de Estado.”

Para dar suporte a todas as iniciativas, Rogério informou que o BC já garantiu o orçamento necessário para sua operacionalização em 2025. Disse, ainda, que a autarquia contará com a entrada de 100 novos servidores nos próximos meses.

Com o encerramento do atual ciclo em 2025, o BC já prepara uma nova agenda estratégica, que passará a vigorar a partir de 2026. “Ainda está em construção, mas o que posso adiantar é um sentimento do que temos ouvido por parte da diretoria colegiada. Os pilares incluem política monetária, estabilidade financeira, comunicação e aprimoramento institucional”, disse.