RECEBÍVEIS

Empresa de tecnologia lança fintech de olho no novo mercado de duplicatas escriturais

Revvo quer atrair principalmente grandes corporações que buscam uma solução simples e plugável nas registradoras

Ricardo Lima (esq.) e Eduardo Marquioli | Imagem: divulgação
Ricardo Lima (esq.) e Eduardo Marquioli | Imagem: divulgação

A consultoria de tecnologia Ideen acaba de investir na criação da Revvo, com um aporte de R$ 5 milhões. A nova empresa vinha sendo incubada dentro da consultoria como uma área de negócios. A aposta no split mira diretamente a regulamentação que, em breve, vai obrigar as empresas que quiserem usar duplicatas como garantia de empréstimos a registrá-las.

A Revvo já nasce com uma parceria com a registradora de recebíveis Cerc. Nos últimos sete anos a equipe da Ideen ajudou a desenvolver as principais esteiras da registradora. “Todas as esteiras de registro da Cerc passaram de alguma maneira pela mão da Ideen”, afirma Ricardo Lima, responsável por Vendas e Produto da Revvo. “Eles são parceiros nosso há anos, têm grande know how em sistemas de gestão empresarial, os ERPs”, confirma Marcelo Maziero, presidente do Conselho da Cerc.

A nova empresa quer atrair principalmente grandes corporações que buscam uma solução simples e ‘plugável’ para se conectar com o sistema das registradoras sem ter que montar projetos milionários. “Assim, queremos entregar uma solução que leve a empresa até a Cerc sozinha, sem fricção, com integração fácil ao ERP e com um custo mensal acessível”, diz Ricardo.

Infratech

A Revvo é um SaaS (sigla em inglês para software como serviço) que se define como uma infratech. A empresa quer facilitar a jornada das companhias que tomam crédito com base em recebíveis — especialmente duplicatas —, ajudando-as, assim, a cumprir a nova exigência de escrituração de forma automatizada. A solução também pode ser oferecida para bancos em modelo white label.

“Não queremos ser intermediador, nem marketplace de crédito”, afirma Ricardo. “A proposta é resolver o problema do diretor financeiro que precisa registrar uma duplicata e também do gerente do banco que precisa liberar o crédito sem carregar um calhamaço de documentos para análise.”

Um dos diferenciais da Revvo está na integração com os principais ERPs do mercado. “Cerca de 70% das grandes empresas usam SAP, Oracle e Totvs”, diz o executivo. A promessa é uma solução plug and play que se conecta diretamente ao sistema da empresa, sem exigir grandes mudanças internas.

Clientes-alvo

A Revvo, portanto, já nasce com um mercado potencial: as mais de 80 grandes empresas com faturamento anual superior a R$ 10 bilhões que já são clientes da Ideen. A expectativa é usar esse relacionamento prévio para acelerar a tração da nova operação. “Temos clientes, temos expertise e agora temos produto”, resume Ricardo.

Mas a meta é ir além. A empresa também mira bancos interessados em oferecer sua solução às empresas-clientes como parte da estratégia de embedded finance. A convenção de duplicatas escriturais aprovada em dezembro de 2024 e os testes de interoperabilidade previstos para este semestre abrem caminho para a adesão obrigatória em larga escala — e a Revvo quer estar pronta para isso.

A lógica dos splits

A separação da Revvo como empresa independente segue uma lógica recorrente no grupo. A própria Ideen surgiu como um desdobramento da Elo, uma empresa de tecnologia que atendia grandes consultorias (como Accenture e Deloitte), e que por sua vez nasceu da Sow. “Hoje o grupo tem três operações distintas”, explica Eduardo Marquioli, responsável por Vendas e marketing da Revvo. 

“Temos 25 anos de experiência nessas plataformas de ERP”, diz Ricardo. Quando ele fala em 25 anos de experiência está se referindo aos sócios fundadores do grupo, Fabio Magalhães e Rafael Spagnuolo. Ambos atuaram por mais de 10 anos em empresas como SAP, CPM Braxis e Capgemini, antes de começarem a empreender em 2012 com a criação da Sow.

De acordo com ele, a prática de testar unidades de negócios antes de formalizá-las como empresas é parte do DNA dos sócios. “Separa o time, separa a unidade de negócio, vamos testar. Funcionou? Vira business”, diz. A decisão de tornar a Revvo independente foi tomada no último trimestre de 2024, após quase dois anos de incubação.

Agora, mesmo com o CNPJ ainda compartilhado, a Revvo já atua com estrutura e orçamento próprios. A jornada comercial começou oficialmente no fim do primeiro trimestre de 2025. “Nasce dentro, depois se separa, mas mantém sinergia e compartilha expertise”, afirma.

Implantação