Durante muito tempo, o mercado de recebíveis de cartões foi visto apenas como um instrumento de antecipação de valores. Mas essa percepção vem mudando rapidamente. Com mais de R$ 4,1 trilhões transacionados por cartões em 2024, segundo dados da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), os recebíveis passaram a ocupar um papel central na estruturação de crédito no País. Especialmente, para empresas não financeiras que atuam como credores de seus clientes.
Estamos diante de um ativo real. Tanto previsível quanto com grande liquidez, os recebíveis podem ser estratégicos. A possibilidade de utilizar os recebíveis de cartões como garantia para concessão de crédito, ou até mesmo como forma de pagamento direta, representa uma alternativa eficiente para mitigar riscos, personalizar ofertas e acelerar negócios.
Recebíveis como alavanca
Ao usar os recebíveis como alavanca, é possível não apenas ampliar o acesso ao crédito por empresas de menor porte, mas também fomentar relações comerciais mais sólidas e duradouras. O que antes era um mecanismo puramente financeiro, hoje se revela uma ponte entre inovação, eficiência e expansão.
A flexibilidade desse ativo é outro ponto que merece destaque. Credores que entendem sua natureza conseguem eliminar barreiras operacionais e tecnológicas que, muitas vezes, travam o fluxo de capital no mercado. Estamos falando de uma solução que vai além da liquidez: trata-se de um instrumento que permite ao credor atuar com mais precisão, segurança e visão estratégica, especialmente em um cenário de juros elevados e competitividade extrema.
O mercado de recebíveis de cartões está em evolução. E, nessa nova fase, ganha relevância quem souber usá-lo não apenas como ferramenta de antecipação, mas como diferencial competitivo. Em vez de depender exclusivamente do sistema financeiro tradicional, empresas estão encontrando nos recebíveis um meio mais ágil, direto e eficaz de financiar suas operações e fortalecer suas relações comerciais.
É hora de reavaliar o papel dos recebíveis de cartões. Eles já não são apenas um ativo financeiro: são um motor de crescimento.
*CEO da Cartular e PhD em Administração de Empresas