O Mercado Pago, banco digital do Mercado Livre, anunciou nesta quarta-feira (17/9) a compra de 100% da Nikos DTVM. O banco já mantinha uma parceria comercial com a plataforma de investimentos desde 2022. A aquisição, de valor não revelado, é a primeira na história da fintech no Brasil e depende de aprovação do Banco Central (BC). O negócio envolve apenas a Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM). Outras empresas do grupo Nikos, como sua gestora de fundos, não fazem parte da operação.
A transação com a Nikos vem quase um ano depois de o Mercado Pago receber a autorização para operar como DTVM junto ao BC. Questionado pelo Finsiders Brasil sobre como fica essa licença própria agora, o banco digital diz avaliar cenários. Entre eles, “manter operações paralelas e especializadas — para o varejo e para clientes institucionais. Ou, alternativamente, integrar as duas estruturas para otimizar a operação”.
Segundo a empresa, o negócio com a Nikos tem como objetivo estratégico principal ser mais ágil na distribuição de produtos de investimento. “Adicionalmente, a médio e longo prazo, a operação nos proporciona flexibilidade”, informou o Mercado Pago. “Qualquer caminho a ser seguido estará, naturalmente, sujeito às devidas aprovações regulatórias.”
Portfólio
Com a compra da Nikos DTVM, o Mercado Pago busca reforçar sua atuação em investimentos. A oferta teve início há pouco mais de três anos por meio de parceria com a Órama – plataforma comprada em 2023 pelo BTG Pactual. Liderada por ex-sócios da própria Órama, a Nikos DTVM assumiu o contrato com o Mercado Pago no ano passado, fornecendo a infra de investimentos (no modelo Investment as a Service) para o banco digital.
De lá pra cá, então, a instituição lançou uma série de produtos com a Nikos. Atualmente, a prateleira de investimentos inclui Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), assim como fundos de investimento e debêntures incentivadas.
De acordo com o banco digital, com a compra da Nikos DTVM, a expectativa é impulsionar a base de clientes do Mercado Pago e seu volume de ativos sob custódia. “Desenvolvemos uma sólida parceria comercial com a Nikos, que já nos permitiu dar passos importantes na ampliação e fortalecimento do nosso portfólio de investimentos”, afirmou Ignácio Estivariz, vice-presidente de banco digital do Mercado Pago no Brasil, em nota.
A aquisição da plataforma de investimentos também segue o modelo de “acqui-hiring”. Ou seja, a equipe da Nikos DTVM passa a fazer parte do Mercado Pago, inclusive o CEO Breno Casiuch.
Um dos maiores bancos digitais do Brasil, o Mercado Pago segue agora no mercado de investimentos um caminho parecido com o de alguns concorrentes nos últimos anos. O Nubank, por exemplo, comprou a Easynvest (atual NuInvest). Já o PicPay absorveu a plataforma Liga Invest, hoje PicPay Invest.
Atualmente com mais de 68 milhões de usuários ativos na América Latina, o Mercado Pago vem ganhando cada vez mais relevância no ecossistema do Mercado Livre. No segundo trimestre de 2025, a receita do banco digital representou 43,5% de toda a receita da empresa.
