Nos últimos 10 anos, foram emitidos cerca de 450 milhões de cartões de crédito e débito e produzidas 95 milhões de maquininhas no Brasil. Isso representa um volume de plástico de mais de 15 mil toneladas, equivalente a 14 vezes o peso do Cristo Redentor.
A estimativa, feita com base em dados do Banco Central (BC), mostra que, apesar de termos um dos sistemas bancários mais sofisticados do mundo, precisamos de iniciativas mais agressivas para diminuir o uso de plástico no setor de pagamentos.
A conclusão está no relatório Dinheiro Sem Plástico, lançado pela consultoria O Mundo Que Queremos, com o apoio da InfinitePay, plataforma de serviços financeiros da fintech brasileira CloudWalk.
Segundo o relatório, se enfileirados, os cartões emitidos no Brasil na última década seriam capazes de dar pouco mais de uma volta ao redor do planeta na linha do Equador. A área ocupada pelos cartões e maquininhas juntos é equivalente a 20 estádios do Maracanã. Só em 2022, foram produzidas mais de 20 milhões de maquininhas no Brasil, um aumento de 494% se comparado com o total de 2012.
Reciclar não basta
O plástico pode demorar mais de 600 anos para se degradar e já é encontrado até no fundo dos oceanos e no leite materno. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), o mundo produz 430 milhões de toneladas métricas de plásticos por ano e apenas 9% desse plástico é reciclado.
No caso dos cartões, a taxa de reciclagem no Brasil ainda é baixíssima e o preço do material reciclado é mais alto, o que não contribui para a sua fácil implementação no mercado, diz o estudo. “O descarte de cartões ainda enfrenta outro problema: medo e falta de informação. As pessoas ainda acreditam que com o descarte nos latões apropriados seus dados possam estar expostos, o que faz com quem muitas pessoas façam o descarte de maneira incorreta”.
Evitar que o impacto ambiental provocado por cartões e maquininhas nos últimos anos continue crescendo é possível com o uso de tecnologias digitais que já estão disponíveis para a maior parte da população, desde o Pix (apenas no ano passado foram realizadas 163,3 bilhões transações bancárias via pagamentos instantâneos), carteiras digitais e a popularização da tecnologia “Tap to Pay”, que transforma smartphones em maquininhas e pagamento por aproximação.