
A Bemobi, de soluções de pagamentos e jornadas digitais para empresas de serviços recorrentes, anunciou nesta terça-feira (23/12) a compra de 50,1% da Paytime. A fintech é especializada em soluções de embedded payments e Payment as a Service (PaaS). O valor inicial do acordo é de R$ 28,1 milhões no fechamento da operação, podendo chegar a R$ 55,1 milhões com parcela variável (earn-out) de até R$ 27 milhões condicionada ao cumprimento de metas de desempenho financeiro, com pagamento previsto para o início de 2027.
De acordo com comunicado ao mercado, a transação avalia a Paytime em um múltiplo de até 3,7 vezes o Ebitda menos o Capex esperado para 2026. O contrato prevê ainda opções de compra e venda (call e put options) da participação remanescente. As opções são exercíveis em duas etapas: a primeira em 2029 e a segunda em 2031. Elas se baseiam na performance financeira da Paytime entre 2026 e 2030.
Fintech white label no-code
Fundada em 2018 em Vitória (ES), a Paytime se define como uma fintech white label no-code (sem código). Atualmente, atende mais de 700 clientes que estruturaram suas ofertas de pagamentos em parceria com a fintech. Por meio de um modelo B2B2B, a empresa alcança mais de 300 mil estabelecimentos comerciais. O volume total de pagamentos (TPV na sigla em inglês) anualizado é superior a R$ 15 bilhões. Nos nove primeiros meses de 2025, a receita líquida da Paytime foi de R$ 57,9 milhões.
Conforme mostrou reportagem do Finsiders Brasil, em junho de 2024, a Paytime vem viabilizando um conjunto de “fintechs de bairro” ou fintechs regionais. Na ocasião, o cofundador e CEO, Leonardo Gomes, já revelava sua intenção de vender a empresa.
Após a aquisição, a Paytime manterá sua operação voltada a microempreendedores sob a própria marca, de forma independente. Paralelamente, será criada a Bemobi PaaS, nova unidade que integrará as soluções da Paytime com a plataforma Bemobi Pay, focando no segmento enterprise. Leonardo permanecerá responsável pela condução estratégica e operacional de ambos os negócios.
Nova frente de negócios
Com a Bemobi PaaS, a Bemobi passará a oferecer sua plataforma de pagamentos em modelo B2B2B. Permitirá, assim, que parceiros especializados em diferentes verticais — por exemplo, empresas de software, fabricantes e distribuidores, redes de franquias e bancos digitais — integrem o Bemobi Pay em modalidade PaaS às suas próprias soluções.
“A chegada da Paytime adiciona ao nosso ecossistema uma camada estratégica de infraestrutura financeira de pagamentos, acelerando a criação de novos produtos e a expansão da nossa atuação em diferentes verticais, agora também com um novo modelo de negócios baseado em parcerias”, afirmou Pedro Ripper, cofundador e CEO da Bemobi, em nota.
De acordo com Leonardo, a união vai permitir acelerar inovação e ampliar o alcance das soluções, sem qualquer impacto para os clientes atuais da Paytime. “Ao mesmo tempo, ganhamos escala, estrutura e capacidade de investimento para oferecer ao mercado uma infraestrutura end-to-end que reduz barreiras para criação de produtos financeiros para grandes corporações de diversos segmentos.”
Por meio de uma oferta integrada de software e pagamentos, a Bemobi oferece jornadas de pagamento de contas para setores essenciais, como telecomunicações, energia, saneamento, educação e saúde. Hoje, a companhia atende 15 das 20 maiores empresas de serviços recorrentes essenciais no País.
Há pouco mais de um ano, a Bemobi também anunciou a compra de uma fatia da Instituição de Pagamento (IP) Friday, que tem licença junto ao Banco Central (BC) para operar como Iniciador de Transação de Pagamento (ITP). O acordo não inclui a Friday como um todo, e sim apenas sua subsidiária que atua como instituição regulada.