Mercado Pago fará "promoção" de juros na Black Friday; fintech vai investir cinco vezes mais em marketing do que em 2022

O Mercado Pago, fintech do Mercado Livre, está investindo cinco vezes mais do que em 2022 nas promoções para seus clientes nesta Black Friday. As ofertas incluem juros mais baixos para vendedores e compradores que utilizem a conta digital para comprar antes, durante e também após a data.

A informação foi dada por Daniel Davanço, country head de Pagamentos para Empresas do Mercado Pago, durante entrevista do grupo à imprensa para divulgar expectativas e resultados de uma pesquisa com consumidores sobre a Black Friday. Neste ano, a data será 24 de novembro.

Além de ajudar o Mercado Livre a vender, o banco digital vai aproveitar a ocasião para reforçar o reconhecimento da marca, que segundo Davanço já cresceu 40% desde janeiro. “A redução das taxas do crédito vai ajudar os vendedores do MeLi a reforçarem seus estoques a um custo menor”, explica.

Segundo o executivo, a ideia não é incentivar nenhum meio de pagamento em particular, mas oferecer todas as opções para facilitar a vida dos clientes e vendedores – desde todas as modalidades de uso do Pix e cartões de crédito (a vista ou parcelado), o novo aplicativo que transforma celular em maquininha e sua carteira digital (onde o MP oferece opções de pagamento a vista, com cartão e Buy Now Pay Later). Além disso, vai distribuir cupons de descontos de R$ 35 a R$ 70.

Parcelado sem juros

Davanço fez questão de reforçar a relevância dos pagamentos parcelados sem juros (PSJ) para os consumidores e varejistas. Segundo a pesquisa, “Panorama de Consumo da Black Friday 2023”, realizado pelo Mercado Pago com clientes do e-commerce e do banco digital, 69% dos cerca de 8 mil usuários ouvidos entre os dias 18 e 22 de setembro pretendem comprar com esse método. “Quase a metade (49%) não compraria na Black Friday se não tivesse a opção”.

Na última segunda-feira, o Banco Central teria sugerido limitar as compras parceladas sem juros no cartão a 12 vezes. “No caso dos nossos clientes, a maioria (quase dois terços) costumam pagar em no máximo seis vezes sem juros”, diz.

Entre as opções de pagamento preferidas, depois do PSJ aparecem o Pix (17%), cartão de débito (7%) e outros métodos (7%). “A possibilidade de parcelamento é o que justifica o índice elevado em cartão, mas outros métodos de parcelamento vem ganhando relevância, como crédito oferecido direto pelo Mercado Pago (salto de 12.5% em 2022 para 32.5% em 2023) e Pix Parcelado”, diz.

Desafios

Surpreendentemente, o número de consumidores que farão pagamentos à vista cresceu em relação ao ano anterior e alcançou 18%. A pesquisa revelou ainda que 50% dos entrevistados estão dispostos a gastar mais este ano versus 2022; 23% pretendem gastar mais de R$ 2 mil neste ano, ante 20% em 2022.

“Apesar dos desafios que o varejo vem enfrentando neste ano, que recuou 18%, o Mercado Livre conseguiu crescer 19%”, diz Julia Rueff, vice-presidente de Marketplace do Mercado Livre. Para atingir um desempenho superior ao registrado na última edição, estamos investindo em alavancas, como a antecipação das promoções, a integração do ecossistema, sinergia com os vendedores
da plataforma, amplo sortimento de produtos e otimização da malha logística”.

Os números

O grupo não revela quanto exatamente pretende investir em marketing na Black Friday deste ano. Em março, anunciou que investiria R$ 19 bilhões na operação brasileira em 2023, 11,5% além do que foi investido no ano passado, R$ 17 bilhões.

Na época, a empresa revelou que os recursos seriam voltados às áreas de tecnologia e logística, além dos seus negócios de publicidade e banco digital no país.

Os recursos serão voltados para melhorar a infraestrutura, as equipes de tecnologia, produtos e logística. Além disso, também irá ampliar as ferramentas de marketing e a presença de marca do Mercado Pago, lado financeiro da operação.

Segundo Fernando Yunes, que comanda o MeLi no Brasil, disse ao Brazil Journal as receitas do Mercado Pago devem ultrapassar a do Mercado Livre até o ano que vem, escalando tanto em crédito quanto em banco digital. No primeiro semestre deste ano, a fintech lucrou R$ 424 milhões, ante R$ 141 milhões no mesmo período de 2022.