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Suécia quer exportar fintechs para o Brasil; país europeu é um dos principais centros globais do setor

O governo da Suécia quer exportar fintechs para o Brasil, e vem promovendo ações para incentivar esse movimento. Hoje, às 10hs da manhã (14hs em Estocolmo), foi realizada a terceira edição do webinar Fintechs Trends in Brazil. Patrocinado pela Business Sweden e a Embaixada da Suécia – em cooperação com a Findec, hub de fintechs naquele país – a iniciativa reúne experts para explicar às fintechs suecas os desafios e as vantagens de entrar no Brasil. Dessa vez, os palestrantes foram Ivan Marques, sócio do Veirano Advogados especialista em fintechs, e Guga Stocco, fundador da Squadra Ventures e membro do Conselho de Administração do Banco Original.

“O Brasil é o maior país e a maior economia da América Latina, e um importante centro de fintechs no Hemisfério Sul. Com mais de 500 fintechs e uma população jovem e experiente em tecnologia, espera-se que o mercado continue a crescer rapidamente nos próximos anos, criando muitas oportunidades para fintechs suecas que buscam se expandir internacionalmente”, diz Eric Forsberg, gerente do Business Sweden (Conselho de Comércio e Investimento da Embaixada da Suécia) no Brasil.

Não foi discutido no evento qual seria o potencial desses investimentos, mas certamente a chegada dessas fintechs não só aumentaria a concorrência no sistema como traria alguns milhares de euros para a economia local.

Decacórnio

Nem todo mundo sabe, mas a Suécia é hoje um dos principais hubs de inovação tecnológica da Europa – e o governo vem redobrando esforços para divulgar isso. Além do mundialmente famoso Spotify, o país é o berço de cerca de 400 fintechs – entre elas as também multinacionais Klarna, que vale mais de US$ 10 bilhões e a Trustly, uma das maiores do segmento de meios de pagamento no mundo.

Mas até hoje apenas duas fintechs suecas se lançaram em terras brasileiras: iZettle (que chegou em 2013 mas foi comprada pelo PayPal em 2018) e FinanZero. Considerando que o mercado consumidor aqui é muito maior e, principalmente, muito mal atendido pelo sistema financeiro convencional, o Brasil surge como uma oportunidade e tanto para as outras.

O governo sueco, contudo, recomenda às suas fintechs prestarem atenção em quatro pontos importantes na sua abordagem do mercado brasileiro: confirmar o potencial do segmento que deseja explorar; estruturar uma estratégia de entrada, considerando se é melhor por meio de uma parceria ou voo solo, por exemplo; estar preparado para se adaptar às peculiaridades do mercado brasileiro, se for preciso; ter uma perspectiva de longo prazo para o investimento.

Open Banking amplia oportunidades

Anders Norinder, vice presidente da Câmara de Comércio Sueco-Brasileira, e ex-presidente do iZettle no Brasil, cita algumas fintechs suecas que desenvolvem soluções em segmentos ainda pouco ou nada explorados por aqui. Uma delas é o “decacórnio” Klarna, citado no começo dessa reportagem: eles criaram um sistema de compre-antes-pague-depois que faz muito sucesso entre os e-commerces, uma vez que aumenta as taxas de conversão e vendas.

O Instantor, comprado no ano passado pela Tink, é uma fintech de “cadastro positivo” e credit score, que ajuda na decisão de dar ou não empréstimo e a que preço. Já a Trustly tem um escritório no Brasil, em Vitória (ES) – mas apenas para desenvolver talentos. O hub aqui foi herdado após a fusão da Trustly em 2019 com a PayWithMyBank, do Vale do Silício; a fintech informou na ocasião que planejava contratar um número significativo de engenheiros em 2020.

Para Norinder, a entrada em vigor do Open Banking aqui vai abrir também muitas portas para fintechs suecas que desenvolvem plataformas com linguagem única, para que as fintechs se conectem aos bancos para acessar informações dos clientes.

O quadro acima destaca algumas das fintechs mais importantes entre as 400 suecas. Foi apresentado por Anders Norlin, da Findec – um hub de fintechs na Suécia, que tem a missão de fomentar o ecossistema através de conhecimento, network e colaboração. A Findec é uma iniciativa privada, sem fins lucrativos, financiada por parceiros de negócio com apoio de outras instituições. Fundada em 2019, tem atualmente 150 sócios.