A fintech do agronegócio PagAgro vai analisar o comportamento de compra dos produtores rurais para fazer análise de crédito. O negócio da startup é descontar as duplicatas das vendas dos distribuidores de insumos agrícolas por meio de uma plataforma digital, de forma ágil e rápida; os fornecedores recebem asa vendas a vista e os produtores compram a prazo, o que ajuda a roda do agronegócio a girar.
“Como as duplicatas eletrônicas passaram a ser atreladas às notas fiscais, ficou mais fácil certificar-se da veracidade das informações e rastrear os hábitos dos produtores, isto é, saber se estão comprando no tempo certo, onde a mercadoria foi entregue, qual marca estão comprando… Estamos construindo uma base de dados para começar a usar a partir do segundo semestre e assim dar crédito de forma mais assertiva”, diz Jônatas Couri, co-fundador da PagAgro junto com Larissa Pomerantzeff. É o que ele chama de crédito inteligente. “Com o acesso aos hábitos de compra do produtor podemos abrir mão de práticas antigas e analógicas, como esmiuçar declaração de Imposto de Renda”, diz.
Segundo Couri, que também é diretor da ABFintechs, o crédito agrícola no Brasil até hoje ou é subsidiado pelo Estado ou é obtido contra garantia dada pelo produtor. “Isso precisa mudar, está na hora de emprestar com base em propósito e no comportamento do tomador. Conhecendo o seu comportamento de compra, conhecemos seu comportamento de crédito”, acredita.
Com os dados colhidos a partir das notas fiscais, Couri pretende não apenas selecionar os tomadores, mas precificar melhor o crédito e, principalmente, fazer ofertas sob medida. “Queremos começar a trabalhar com Cédulas de Produto Rural (CPR), que podem ser usadas para construir silos, pequenas usinas fotovoltaicas e outras iniciativas que possam ajudar a melhorar o impacto socioambiental”, explica.
A startup antecipa recebíveis da venda dos insumos, representados por duplicatas eletrônicas. Essas duplicatas, que foram regulamentadas pela Lei 13.775/2018, são emitidas pelas revendas contra os produtores, e registradas em uma central. A PagAgro compra esses papeis, pagando a vista os distribuidores; depois, cobra os produtores a prazo. Criada em agosto de 2019, a PagAgro começou a operar em novembro daquele ano e, em 14 meses, antecipou R$ 55 milhões em três mil duplicatas para 500 produtores. O empreendedor evita fazer previsões, mas espera pelo menos dobrar o volume em 2021. No começo da empreitada, o fundo Captalys investiu R$ 120 milhões na fintech – ou seja, recursos para esse crescimento tem.