Já faz um tempo que o iFood vem falando em se tornar o banco dos restaurantes. Mas o que vinha sendo tratado internamente como um teste, agora ganhou uma estrutura e um nome próprios. O aplicativo colocou no ar hoje o iFood Pago.
E como tudo relacionado ao iFood, a iniciativa já nasce grande. Ao todo, são 140 mil contas que transacionam R$ 70 bilhões, uma carteira de crédito de R$ 1,5 bilhão e 700 pessoas envolvidas na operação, incluindo os funcionários da Zoop. A fintech de banking as a service (BaaS) que pertencia à Movile foi incorporada sob o guarda-chuva do iFood Pago com a compra de uma fatia remanescente de 20% do negócio. A Zoop continua operando como uma empresa separada atendendo o mercado.
A expectativa é que em março de 2025, quando o iFood Pago completar seu primeiro ano de operação oficial, a receita chegue a R$ 1 bilhão. “O iFood Pago nasce para dobrar o tamanho do iFood”, diz Bruno Henriques, CEO da nova operação, ao site Startups. De acordo com ele, o plano é usar o profundo conhecimento do segmento de alimentação e dos próprios restaurantes para oferecer condições melhores que os bancos tradicionais e, assim, se tornar a conta principal dos restaurantes.
O banco digital – que tem licenças de Sociedade de Crédito Direto (SCD) e de Instituição de Pagamento (IP) – vai operar em três frentes principais: crédito, dados (CRM) e adquiriência. A máquina de cartão da empresa, inclusive está sendo batizada de Maquinona, já que traz embutida toda essa questão de inteligência e gestão. A expectativa é que 5 mil máquinas cheguem ao mercado nos próximos meses. Até março do ano que vem, o plano é ter 50 mil em operação. O Brasil tem mais de 11 milhões de terminais em funcionamento, conforme número da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).
Do online para o offline
Adiciona-se à tríade o iFood Benefícios, o cartão de benefícios que o iFood lançou em 2023 com a bandeira Elo, e o que se tem é um movimento o iFood de ir além do mundo das entregas pelo aplicativo para ganhar espaço também no mundo físico, ou no salão do restaurante.
Assim, um estabelecimento que adota tudo o que o iFood oferece e recebe a visita de um cliente que tem o cartão do iFood Benefícios, poderá ter um relacionamento mais personalizado com ele, oferecendo descontos para uma próxima visita, ou condições especiais para um pedido pelo aplicativo quando estiver em casa. Se a pessoa já é cliente online, mas nunca foi ao restaurante, também poderá receber algum incentivo para fazer um visita presencialmente.
Com essa estratégia de nicho, Bruno argumenta que o iFood Pago não quer competir diretamente com outras instituições. “Não vou operar em mar aberto. Quero ser o banco do restaurante. Ser muito bom em precificação, recuperação e cobrança. Estamos entrando nesse nicho para ganhar. A tese de ecossistema permite isso. E isso muda o jogo”, destaca.
Competição
É difícil acreditar, no entanto, que Itaú, Rede, Stone, Cielo, Safra, InfinitePay e outros tantos nomes do mercado vão achar tranquilo abrir mão assim tão fácil de um contingente de 1 milhão de estabelecimentos – 90% de pequeno porte, é verdade, mas com alto giro e potencial de crescimento.
Atualmente, o iFood tem 350 mil restaurantes em sua base e faz mais de 80 milhões de entregas por mês. Segundo Bruno, a marca de 90 milhões está próxima de ser atingida. E há planos para uma grande comemoração quando o número de 100 milhões de pedidos por mês for atingido.
Ele reforça, ainda, que o uso do iFood Pago não será obrigatório para os restaurantes (ouviu CADE, tá tudo tranquilo, nem precisa de um novo processo de restrição de exclusividades). Mas a avaliação é que a adoção será natural. “Quem não usar, perde. Quem organiza as minhas finanças? Resolve os meus problemas com novos produtos e tecnologia?”, pontua Bruno.
*Conteúdo publicado originalmente pelo site parceiro Startups.