O Nubank anunciou um novo pacote de benefícios para o seu cartão de crédito Black, do segmento Ultravioleta, destinado a clientes de alta renda. A estratégia é tanto fidelizar os atuais usuários quanto fisgar novos. De acordo com a CEO do banco digital no Brasil, Lívia Chanes, no ano passado o Nubank mais do que dobrou a base de pessoas no Ultravioleta. Atualmente, a fintech soma 3 milhões de clientes de alta renda nos três países onde opera – Brasil, México e Colômbia. A empresa não abre dados específicos sobre o Ultravioleta.
“Nem todos os clientes de alta renda hoje são Ultravioleta. Obviamente, disparado, o Brasil é o país com a maior base, a maior representatividade”, disse a executiva, em entrevista a jornalistas no evento de apresentação dos novos benefícios. Segundo Lívia, os índices de satisfação do Ultravioleta são “elevados, comparáveis e às vezes até superiores aos de muitos players que já estavam nesse mercado há muito tempo”.
Para os atuais clientes, uma das mudanças está na remuneração do cashback a 200% do CDI, que deixa de existir em 30/9. Em contrapartida, todas as compras no cartão de crédito rendem 1,25% de cashback ou o equivalente em pontos (a partir de 2,2 a cada dólar gasto). Segundo o Nubank, o recurso ficará disponível para uso instantâneo, sem precisar esperar o fechamento da fatura.
“Fizemos estudos e entendemos que o 1,25% de cashback e 2,2 pontos por dólar é muito competitivo para a grande maioria dos usuários”, afirmou Aly Ahearn, vice-presidente do Nubank Ultravioleta. “Você precisa ficar muito tempo sem mexer, sem usufruir do cashback para os 200% do CDI serem [algo] mais vantajoso. E quando você tem 200% do CDI, está incentivando o cliente a não retirar [o dinheiro], em vez de usar para ter uma viagem incrível, que é o que ele quer no final das contas.”
Zero IOF e foco em viagens
Além disso, o banco digital zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em todas as transações internacionais feitas no cartão de crédito. De acordo com o banco digital, o valor é estornado na fatura em até sete dias úteis. O spread para compras internacionais com o cartão é de 3,5%. Já na conta global, o spread é zerado.
Benefícios com foco em viagens, aliás, fazem parte do novo pacote anunciado pelo Nubank. O banco vem buscando avançar nessa área com o lançamento do Nu Viagens e de sua conta global, ambos em 2024. A partir de agora, os clientes do segmento Ultravioleta também podem transferir pontos para os programas Azul Fidelidade, Latam Pass e Smiles.
Compras realizadas na plataforma Nu Viagens rendem 9 pontos por dólar ou 5% de cashback. A fintech adicionou quatro visitas anuais às salas VIPs da rede Priority Pass, com mais de 1,7 mil lounges em 145 países. E manteve o acesso ilimitado à sala VIP própria no Aeroporto de Guarulhos. Já em conectividade, o eSIM internacional (chip virtual) oferece 10 GB anuais gratuitos com renovação automática e cobertura em mais de 150 países.
Para quem já é cliente Ultravioleta, as condições atuais serão mantidas por 12 meses – mensalidade de R$ 49, com gratuitade para quem gasta a partir de R$ 5 mil na fatura ou tem R$ 50 mil investidos na instituição. Após esse período, e para novos clientes, o valor mensal será de R$ 89. A isenção será válida para quem gastar no cartão pelo menos R$ 8 mil ou tiver R$ 50 mil aplicados.
Competição
O Nubank entrou na disputa pelos clientes de alta renda há cerca de quatro anos. De lá pra cá, vem ampliando o esforço para conquistar esse nicho de mercado. Mas o banco digital do cartão roxo não está sozinho nessa seara. Em maio deste ano, o Inter anunciou a reformulação da sua categoria de alta renda, também de olho nas viagens internacionais. Outro exemplo é o C6 Bank, que há um ano decidiu criar uma área de private banking para subir ainda mais a régua e atender clientes com mais de R$ 5 milhões em investimentos.
Agora, uma curiosidade: os lançamentos dos bancos digitais vêm sendo acompanhados de uma pitada de cultura e gastronomia. Enquanto o Inter contou suas novidades em um jantar no Instituto Tomie Ohtake e está organizando uma viagem com “experiências” nos EUA, o Nubank reservou o novo prédio do Masp, o Edifício Pietro Maria Bardi, e trouxe o cantor Ney Matogrosso para um pocket show intimista. Qual será a próxima sacada (ou jogada de marketing)?