Escritório do Nubank em Pinheiros | Imagem: divulgação
Escritório do Nubank em Pinheiros | Imagem: divulgação

Depois de cinco anos com um modelo de trabalho prioritariamente remoto, destoando de vários de seus concorrentes, o Nubank resolveu mudar para um novo regime híbrido. A decisão afeta aproximadamente 70% dos 9,5 mil funcionários do banco digital. A partir de julho de 2026, esses profissionais terão de ir para o escritório dois dias por semana, aumentando para três dias em janeiro de 2027. Hoje, as equipes do banco digital se reúnem presencialmente pelo menos uma semana a cada trimestre.

Em carta aos funcionários, o fundador e CEO David Vélez explicou as razões para a mudança. De acordo com ele, os custos do trabalho remoto eram “invisíveis”, apesar dos “benefícios muito óbvios” desse formato. “Concluímos que um modelo híbrido nos permitirá aproveitar o melhor dos dois mundos e é fundamental para as nossas ambições”, escreveu o executivo.

Vélez disse saber que a decisão “será bem recebida por muitos”. Apesar disso, reconheceu que também “irá gerar conturbação” para outros, especialmente para aqueles que moram longe dos escritórios ou ingressaram na empresa justamente pela flexibilidade do trabalho remoto. “Entendemos o peso desta mudança e não a tomamos levianamente.”

Ao justificar em mais detalhes os motivos para a opção pelo trabalho híbrido, o CEO do Nubank citou a cultura que, segundo ele, fortalecem o “senso compartilhado de propósito e pertencimento”. Outro aspecto é acelerar a inovação por meio do que ele chamou de “encontros criativos”. Na visão do executivo, mais tempo presencial é requisito para a inovação.

“Olhe para algumas das empresas que estão atualmente executando alguns dos projetos mais ambiciosos do mundo: lançar um foguete para Marte, reinventar a energia atômica, usar IA para curar o câncer ou desenvolver AGI [Inteligência Artificial Geral], e você raramente encontrará uma empresa trabalhando totalmente remotamente”, exemplificou.

Além disso, Vélez mencionou a excelência operacional, com velocidade, foco e desempenho coletivo. “O trabalho remoto otimiza a conveniência individual, mas muitas vezes à custa da produtividade coletiva. Algumas tarefas ou trabalhos são eficientes isoladamente – e manteremos parte dessa flexibilidade”, afirmou ele.

Expansão de escritórios

Para viabilizar a mudança, o Nubank expandirá sua infraestrutura física. Além dos escritórios-sede em São Paulo, Cidade do México e Bogotá (Colômbia), a empresa abrirá novos espaços em Campinas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Buenos Aires (Argentina), Washington D.C., Miami e Palo Alto (EUA) — somando-se aos hubs existentes em Berlim (Alemanha), Montevidéu (Uruguai) e Durham (EUA).

Funcionários que moram a menos de 50 km de um escritório oficial poderão escolher trabalhar de qualquer unidade. Já aqueles que residem a mais de 50 km deverão comparecer ao escritório designado para sua equipe.

Exceções

De acordo com o comunicado do Nubank, algumas funções permanecerão remotas, pois exigem pouca ou nenhuma interação com outras equipes. Entre elas estão, por exemplo, ouvidoria e áreas regulatórias e de investigações de crimes financeiros.

A empresa disse, ainda, que oferecerá exceções caso a caso para situações médicas específicas e disponibilizará auxílio-realocação para funcionários elegíveis que precisarem se mudar para mais perto dos escritórios.

Ainda no comunicado, o Nubank informou que, durante os cinco anos de modelo remoto, o Nubank praticamente dobrou sua base de clientes, passando de 59 milhões para 122 milhões no Brasil, México e Colômbia. No segundo trimestre de 2025, a fintech reportou lucro líquido de US$ 637 milhões e faturamento recorde de US$ 3,7 bilhões.