Uma falha no sistema de pagamentos da Revolut nos EUA permitiu que criminosos roubassem mais de US$ 20 milhões no ano passado, antes que a fintech britânica pudesse fechar a brecha.
O episódio foi revelado pelo Financial Times e repercurte fortemente desde ontem na imprensa internacional e local. Segundo a reportagem, a Revolut recuperou parte dos cerca de US$ 23 milhões roubados, mas o prejuízo líquido corresponde a quase dois terços de seu lucro líquido anual em 2021.
A fintech, que entrou no Brasil em 2021, estreiou de fato somente em maio último para clientes “convidados”. Recentemente, a filial decidiu “acabar com a lista de espera e pisar no acelerador”, como declarou seu CEO em entrevistas recentes ao Finsiders (10/7) e ao Valor (7/7), por exemplo.
Apesar do caráter global do banco – com foco em produtos de câmbio e boas condições para viagens no exterior – o Revolut sempre declarou a ambição de ser um player competitivo em praticamente todos os segmentos.
Efeito dominó
Antes da revelação desse prejuízo, pessoas próximas ao Revolut já vinham demonstrando conhecimento das fragilidades e penalizando a instituição: no mês passado, o próprio FT revelou que gestoras haviam desvalorizado a startup em 40%; em maio, o diretor financeiro pediu pra sair, após a debandada de diversos diretores no ano passado, quando auditores passaram a suspeitar dos balanços afirmando publicamente que “as receitas podem ter sido materialmente distorcidas”
“O incidente, que ainda não foi divulgado publicamente, provavelmente aumentará a pressão sobre a fintech”, diz o FT. O Revolut, que evoluiu de um sistema de transferências na Europa para serviços bancários usando uma licença na Lituânia, agora aguarda uma licença bancária no Reino Unido.
As fontes ouvidas pelo FT explicam que o problema surgiu de diferenças entre os sistemas de pagamento europeus e norte-americanos, o que significava que, quando certas transações eram recusadas, a Revolut reembolsava contas erroneamente, entregando-lhes seu próprio dinheiro, de acordo com três pessoas com conhecimento da situação.
Segundo a Crunchbase, a startup tem mais de US$ 1,7 bilhão captado junto a investidores de peso, como o Softbank.