O “embedded finance” é um caminho sem volta. A combinação entre evolução das tecnologias, avanço da regulação e mudanças nos hábitos do consumidor tem permitido que companhias de diferentes setores passem a oferecer soluções financeiras em suas plataformas para aumentar o engajamento dos seus consumidores e incrementar as receitas.
Conforme projeção da consultoria Deloitte, o “embedded finance” poderá gerar uma receita adicional de cerca de R$ 24 bilhões até 2026 para os setores de varejo, bens de consumo e outros serviços. Juntos, esses segmentos movimentam mais de 35% do PIB brasileiro. Em outras palavras, é gigantesco o potencial de embutir soluções financeiras na jornada de empresas não financeiras.
Essa tendência é impulsionada por plataformas de banking as a service (BaaS) e deve ganhar ainda mais força com o avanço da aplicação de inteligência artificial (IA). Assim, é possível ofertar produtos e serviços mais adequados às necessidades do consumidor, como um crédito mais assertivo. A visão foi compartilhada por especialistas no webinar realizado pelo FID e pela Provenir, com o apoio do Finsiders.
“No final do dia, está todo mundo querendo capturar valor na sua cadeia de negócios. Para se diferenciar, é preciso investir em experiência do usuário e inteligência por trás para fazer essa roda se movimentar”, observa Dorival Dourado, experiente executivo do setor financeiro, conselheiro no Banco Bmg e investidor de startups e fintechs.
Em meio ao aumento da concorrência no setor, as empresas precisam construir estratégias para capturar a atenção do cliente. Dessa forma, a preocupação com a experiência de uso é fundamental. “Significa conhecer melhor o cliente, entender os dados de consumo e fazer a oferta no tempo adequado. As empresas que estiverem atentas a isso têm grande chance de sucesso porque o mercado está cada vez mais competitivo”, aponta.
PMEs e dados alternativos
O segmento de pequenas e médias empresas (PMEs), aliás, é um dos que tendem a se beneficiar bastante da combinação entre “embedded finance”, IA e dados alternativos. “Tem um ‘mar’ de dados para além dos birôs de crédito. As informações vão desde a própria operação, passando por presença do cliente nas redes sociais, fluxo de caixa, registros públicos, até Open Finance”, comenta Ricardo Wodianer, consultor de soluções da Provenir.
Segundo pesquisa da própria Provenir, 61% dos tomadores de decisão em fintechs e organizações de serviços financeiros reconhecem a importância do uso de dados alternativos na análise de risco, para melhorar a detecção de fraudes. Inclusive, seis em cada dez (58%) veem sua importância no apoio à inclusão financeira. “Existe, então, um grande potencial”, reforça Ricardo.
Jornadas personalizadas
A utilização de IA para análise do comportamento do cliente permite construir jornadas mais personalizadas. “Imagine uma abordagem holística que passa por N canais e N parceiros. Tudo isso é muito complexo de lidar. Dar uma resposta a esse desafio requer muita inteligência artificial. É ela que fornece a capacidade de customizar as estratégias e ofertas entre os diversos tipos de consumidores e parceiros”, diz o executivo.
Na avaliação de Pedro Moura, cofundador e CEO da fintech Flourish FI, é possível identificar como o cliente gasta, com qual frequência faz determinadas despesas, se a pessoa tem dinheiro guardado. “Assim, as instituições começam a ver o indivíduo de maneira mais holística, e não em silos”, diz o empreendedor, que desenvolveu uma plataforma de IA, engajamento e lealdade para instituições financeiras.
Um caso recente foi a criação de uma jornada digital para microempreendedores clientes da fintech Justa. A iniciativa é fruto de um projeto em parceria com a Mastercard. “Começamos a criar conteúdo relevante para os empreendedores, baseado nos dados. Por exemplo, se a pessoa entra para ver o saldo, pode responder duas perguntas sobre fluxo de caixa”, cita.
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