O movimento de deslocamento da demanda de crédito livre e do mercado de capitais para o segmento de crédito direcionado continuou em agosto. Quem vem estimulando a mudança é o governo, com incentivos de programas públicos, crédito rural e repasses do BNDES. A conclusão é da última Pesquisa Especial de Crédito da Febraban.
Porém, para quem não atua no direcionado, como as fintechs, as altas taxas de juros e de inadimplência das linhas de crédito livre vêm inibindo os negócios.
Em julho o volume de concessões de antecipação de recebíveis de cartões caiu a R$ 16,9 bilhões, o segundo menor patamar do ano. Em 12 meses, houve queda de quase 20%. Novas concessões de descontos de duplicatas caíram ainda mais: 43%. As de capital de giro, 13%.
Mas a expectativa é melhorar daqui para a frente.
“O início do processo de flexibilização monetária, a normalização da percepção de risco no segmento PJ, os sinais do fim de ciclo de alta da inadimplência da carteira PF e o novo Plano Safra contribuem para uma dinâmica mais benigna do crédito”, diz a Febraban.
Banco Central
As estatísticas oficiais do Banco Central relativas a agosto saem na semana que vem. Mas a pesquisa da Febraban já mostra que as concessões totais teriam crescido 10,5% ao ano, puxadas pela alta de 15,6% (também anualizada) do direcionado. No crédito livre, a queda é de 1,4%.
Este recuo de 1,4% foi resultado especialmente da acomodação das linhas de crédito voltadas para o consumo das famílias, diz a Febraban.
Entretanto, se analisados os saldos totais acumulados, a pesquisa aponta alta de 1,3% em agosto. “Caso se confirme, o resultado sinaliza uma suavização do movimento de desaceleração da carteira”, diz a entidade. O saldo deve ficar praticamente estável em 12 meses, passando de 8,2% para 8,1%”.
O gráfico abaixo mostra o desempenho até julho, segundo o BC.
Fonte: Banco Central