“Ainda existe muita oportunidade em fintechs. Tem sempre alguém batendo na nossa porta”, diz Leonardo Teixeira, sócio da Iporanga Ventures, gestora de VC que abriu captação para um novo fundo de US$ 50 milhões em outubro de 2019 — a expectativa é fazer o segundo fechamento no próximo mês, conta por telefone à Finsiders. Segundo ele, a Iporanga não parou de investir durante a pandemia.
“Temos feito um desembolso por mês em novas empresas.”
Para o investidor, a tendência é que grande parte dos VCs daqui pra frente tenham fintechs em carteira, especialmente com o avanço de pautas regulatórias (open banking e PIX, sistema de pagamentos instantâneos do BC). “A camada de serviço financeiro perpassa várias atividades econômicas”, aponta Teixeira. De fato: basta observar o crescente interesse de varejistas, marketplaces, operadoras de telecom, sem falar nas “big techs”, em oferecer cartão, conta digital, crédito por meio de plataformas digitais.
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Mas e as oportunidades, onde estão?
Na visão de Teixeira, o crédito para pequenas e médias empresas (PME) é uma delas, a começar pela oferta para negócios menores. Com o tempo, a adoção caminhará para companhias de médio porte.
“Uma vez que as plataformas vão crescendo, as Ps convencem as Ms, que podem convencer as Gs. Tudo aponta para essa direção. É uma questão de tempo de desenvolvimento das plataformas.”
Além disso, também há empreendedores que começam a explorar nichos para oferta de crédito, financiamento para o segmento de condomínios, exemplifica ele.
A gestão de investimentos é outro mercado com forte potencial, avalia o investidor. O motivo é simples: em época de crise, ser diligente com a organização das finanças se torna algo muito importante. Teixeira lembra que até hoje a gestão dos ativos é feita de forma manual, mas algumas startups começam a trazer soluções para automatizar essas tarefas.
É o caso do app Gorila, plataforma de consolidação de investimentos, uma das investidas da Iporanga Ventures. No ano passado, a startup fundada por Guilherme Assis e Robinson Dantas — que seguem como sócios da Iporanga — recebeu uma rodada series A de R$ 35 milhões liderada pela Ribbit Capital, com participação da própria Iporanga, do Canary e da monashees. Hoje, o aplicativo quadruplicou a base de clientes, para 150 mil, e soma mais de R$ 20 bilhões em ativos controlados.
Quem mais faz parte da carteira?
No portfólio do segundo fundo, hoje com 11 startups (sendo cinco fintechs), a Iporanga tem, ainda, a Simplypag, plataforma de gestão financeira de empregados domésticos. O negócio foi fundado no ano passado por Leo Cherman, ex-head do Sofisa Direto.
A bxblue, de Brasília, também integra o portfólio da gestora. A startup conecta aposentados, pensionistas e funcionários públicos a ofertas de crédito consignados de bancos e financeiras. A empresa foi a primeira a firmar parceria com o Banco do Brasil (BB), em 2018, para lançamento de uma API de crédito.
O aporte mais recente da Iporanga em fintechs foi na StarkBank, que já desenvolveu APIs para empresas como Buser e Rappi. Para se ter uma ideia do tamanho e da evolução do negócio, neste ano, a fintech prevê chegar a R$ 10 bilhões em transações em sua plataforma. Vamos acompanhar os próximos passos, tanto do fundo quanto das fintechs.