CONCORRÊNCIA

Com 1 bi de downloads e Nubank à frente, bancos digitais rumam para consolidação

Fintechs somam cerca de 180 milhões de usuários ativos; indústria dá sinais de saturação, de acordo com relatório do BofA

Há alguns meses, os relatórios do Bank of America (BofA) mostram os sinais de saturação no mercado de fintechs e bancos digitais brasileiros. Agora, esse quadro fica ainda mais claro. Daqui para frente, a tendência é de maior consolidação no segmento, que também deverá presenciar uma competição mais intensa, aponta a pesquisa mais recente do banco norte-americano.

No acumulado desde 2012, os aplicativos de neobanks no Brasil tiveram 1 bilhão de downloads. De acordo com o levantamento, esse indicador vem desacelerando. O número de usuários ativos, por sua vez, triplicou nos últimos cinco anos, chegando a aproximadamente 180 milhões, ou quase 80% da população local. Essa base permanece relativamente estável nos dois anos mais recentes. 

“Esperamos que o foco dos players mude para atingir a principalidade (fundamental para a monetização), o que provavelmente levará a uma maior consolidação e a uma competição mais acirrada”, diz o relatório assinado pelos analistas Mario Pierry, Antonio Ruette, Flavio Yoshida e Ernesto Gabilondo.

A liderança do banco do cartão roxo

Apesar da proliferação de bancos digitais no país, há uma alta concentração nessa indústria. Conforme a pesquisa, os cinco principais players representavam 70% dos usuários em 2023, contra uma fatia de 60% dois anos antes. Com 58 milhões de usuários ativos, o Nubank responde por cerca de um terço das pessoas que têm conta em fintechs, e possui uma base 2,5 vezes maior do que o segundo no ranking, o super app PicPay.

Desde 2019, o banco do cartão roxo tem adicionado cerca de 10 milhões de usuários ativos mensais a cada ano. Em contrapartida, o restante da indústria registrou uma queda de 12 milhões em 2023. “O crescimento do Nu é suportado pelo fato de que ele tem liderado em número de downloads nos últimos três anos”, aponta o levantamento.

Ainda conforme o relatório, a fintech fundada por David Vélez, Cristina Junqueira e Edward Wible manteve os mais altos níveis de engajamento de clientes, impulsionado por seu negócio de cartão de crédito. O Inter, da família Menin, aparece em segundo lugar, puxado pelo alto número de produtos e serviços disponíveis. “Importante ressaltar que tanto o Nubank quanto o Inter construíram com sucesso bases sólidas de depósitos, validando uma alta principalidade de contas”, escrevem os analistas.

Mudança de cenário

O levantamento do BofA mostra, ainda, a redução do pico de downloads dos apps de bancos digitais nos anos mais recentes. O indicador saiu de cerca de 250 milhões em 2021 para algo como 160 milhões no ano passado. 

Na análise do banco, três aspectos explicam essa diminuição: mudanças regulatórias no setor, que exigiram mais reserva de capital e impactaram negativamente as receitas; taxas de juros mais altos, pressionando os custos de financiamento; e a maior concorrência, com a consolidação dos players maiores.

Você pode se interessar também:

Investimento em bancos digitais cai ao menor nível desde 2017

Nubank e Inter são “vencedores claros” na corrida dos bancos digitais, diz Itaú BBA