A rápida mudança para pagamentos digitais decorrente da pandemia de Covid-19 aumentou a urgência de os bancos modernizarem seus sistemas de pagamento. É o que responderam 75% dos executivos de pagamentos em bancos de todo o mundo ouvidos em pesquisa da Accenture que originou o relatório “Investindo a Longo Prazo na Modernização de Pagamentos”. A pesquisa foi feita para entender como o setor vê sua transformação e seus investimentos para competir com os pagamentos digitais de fornecedores não bancários dentro dos novos regulamentos.
A Accenture revela que cerca de 420 bilhões de transações no valor de US$ 7 trilhões no mundo deverão deixar de ser realizadas em dinheiro e passar para cartões e pagamentos digitais até 2023 – e aumentar para US$ 48 trilhões até 2030. A rápida mudança para pagamentos digitais colocou pressão adicional sobre os bancos.
“A pandemia deste ano acelerou a mudança para os pagamentos digitais em um ritmo que os bancos não poderiam ter previsto”, disse Edlayne Altheman Burr, que lidera a prática de Pagamentos da Accenture na América Latina. “A pandemia mudará permanentemente a forma como os consumidores compram e pagam suas compras, já que priorizam a conveniência acima de tudo. Embora os investimentos dos bancos em novos sistemas de pagamento tenham se concentrado principalmente em cumprir os prazos de conformidade, a maneira como eles gerarão valor no futuro é adotando a dinâmica de mudança do consumidor e melhorando a experiência do cliente”.
Cerca de 3/4 dos bancos vêem a modernização dos pagamentos como sendo impulsionada por mudanças e regulamentações na infraestrutura de pagamentos nacionais, o que inclui a melhoria dos sistemas de pagamentos entre bancos, Pagamentos Instantâneos e Open Banking.
A transição para pagamentos digitais varia de acordo com o mercado
A rápida mudança para os pagamentos digitais difere entre os países, dependendo da taxa de declínio do dinheiro em espécie, da adoção do e-commerce e do quão ativas as empresas de Big Tech estão no fornecimento de serviços de pagamento.
Usando o Índice de Disrupção em Pagamentos da Accenture, que mede os níveis atuais e futuros de disrupção para a indústria de pagamentos, o relatório observa que essa ocorrência é maior nos EUA, seguida de perto pelo Reino Unido, à medida que os consumidores optam por novas formas de pagamento e os não-bancos tomam a oportunidade de fornecer serviços de pagamentos. Na China, as carteiras móveis estão substituindo rapidamente os pagamentos em dinheiro – 76% das transações em 2019 foram originadas de carteiras móveis, ante 12% em 2014 – já que os consumidores chineses já estão acostumados a usar aplicativos móveis e códigos QR para pagar em restaurantes e lojas há muitos anos.
“A Covid-19 fez com que os consumidores fossem mais abertos às transações financeiras digitais e essa mudança aumentará a concorrência, à medida que os provedores de pagamentos alternativos disputam participação no mercado”, disse Alan McIntyre, que lidera a prática bancária da Accenture em todo o mundo. “A oportunidade de pagamentos eletrônicos para bancos varia muito de acordo com o mercado e depende da maturidade da transição para pagamentos digitais. Em mercados maduros – como a Europa Ocidental, onde os pagamentos viraram padrão- esperamos ver apenas mudanças incrementais. A maior oportunidade estará em mercados como o Sudeste Asiático e a América Latina, onde o uso de dinheiro é dominante”.
Programas de modernização não estão gerando crescimento de receita
Embora muitos dos 120 executivos de banco pesquisados tenham citado o crescimento da receita como um objetivo principal para seus programas de modernização de pagamentos, apenas 13% disseram que a receita de pagamentos de seu banco aumentou mais do que a taxa média de crescimento do mercado (de 6% nos últimos três anos), e apenas 16% esperam aumentar as receitas de pagamentos mais do que a taxa média de crescimento prevista de 5% nos próximos três anos.
Embora a transformação de pagamentos seja parte dos esforços mais amplos de transformação digital da maioria dos bancos, 65% dos executivos do banco disseram que o custo de manter legados tecnológicos em seus sistemas de pagamento está impedindo sua capacidade de investir em novas soluções para o cliente. Embora muitos bancos tenham adotado sistemas em nuvem em outras partes de seus negócios para melhorar a resiliência operacional, apenas 38% dos bancos estão investindo em sistemas em nuvem para pagamentos. Com a pandemia criando um novo ponto de inflexão para que as empresas acelerem suas transformações digitais, a Accenture anunciou recentemente um investimento de US$ 3 bilhões em três anos para lançar sua prática Cloud First para ajudar as empresas a acelerar sua mudança para a nuvem.
Os bancos estão presos no ciclo de melhorar os seus sistemas de pagamento com soluções de tecnologia ad-hoc para atender aos novos padrões da indústria e reduzir custos. Os bancos estão agora percebendo a realidade de que a maneira de fazer mudanças significativas que ressoem com os consumidores é fazer da modernização dos pagamentos uma prioridade de negócios e que não pode mais ficar confinada ao departamento de TI. Bancos bem-sucedidos serão aqueles que incorporam pagamentos modernos à forma como funcionam e são administrados, com mais atenção à arquitetura de TI flexível e à tecnologia de nuvem mais integrada em toda a empresa.
Fonte: Accenture