Os investimentos em Private Equity (PE), Venture Capital (VC) e Corporate Venture Capital (CVC) somaram R$ 2,2 bilhões de janeiro a março deste ano no Brasil. A redução é de 79% na comparação com o último trimestre de 2022 e de 84% em relação aos primeiros três meses do ano passado. Os dados estão no relatório divulgado pela ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital) em parceria com a TTR Data. O setor de serviços financeiros ficou em segundo lugar entre os preferidos nas três modalidades – TI lidera em VC e CVC.
Os investimentos em PE no período atingiram R$ 600 milhões, em 17 empresas. É o trimestre com menor investimento desde o começo de 2019, período de análise do relatório. Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, a redução do volume investido por fundos de PE, que geralmente se destina a empresas já maduras, foi de 92%.
Já as alocações em VC tiveram retração de 12% na mesma base de comparação e fecharam o período com R$ 1,42 bilhão em investimento, destinado basicamente a startups. E o Corporate Venture Capital, formado por fundos de empresas consolidadas que investem em startups, destinou R$ 180 milhões a empresas inovadoras nos primeiros três meses deste ano, 70% menos que no último trimestre do ano passado e o menor valor desde o começo de 2021.
“A forte retração observada no início deste ano evidencia a restrição à liquidez, decorrente da elevação dos juros no mundo todo, e da falta de perspectiva quanto ao fim do aperto monetário global. Principal responsável pelos investimentos estrangeiros em PE, VC e CVC no Brasil, os Estados Unidos viram seus juros básicos subirem nove vezes seguidas nos últimos 12 meses”, diz o estudo.
Já no plano doméstico, a manutenção da Selic em um patamar elevado se soma a incertezas econômicas. “Temos questões tributárias importantes para a indústria sendo discutidas. Isso faz com que investidores estrangeiros fiquem em compasso de espera e prefiram aguardar sinalizações mais concretas sobre os rumos da economia do país. Juros elevados, discussões sobre meta de inflação, crescimento econômico ainda modesto e indefinição sobre a âncora fiscal reforçaram o cenário de retração nos investimentos”, afirma Piero Minardi, presidente da ABVCAP.
Segundo Minardi, o Brasil tem tudo para voltar a atrair investimentos de longo prazo com medidas que permitam um avanço do ambiente de negócios. Para Minardi, é essencial que os investidores do FIPs – Fundos de Investimentos em Participação, principal veículo de investimento dos fundos de private equity, tenham tratamento tributário similar ao do investidor da bolsa. “Temos alguns projetos de lei em tramitação no Congresso que eliminariam essas assimetrias e trariam segurança jurídica aos investidores. Aprovar essas medidas vai atrair mais investimentos de fora e aprimorar nosso marco regulatório”, diz Minardi.