Isaac Sidney/Febraban
Isaac Sidney/Febraban | Imagem: print de tela

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, disse nesta quinta-feira (18) que o índice de fraudes por falha na autenticação na contratação de crédito consignado caiu 95% desde 2019. A informação foi divulgada por ele durante o “II Seminário Nacional sobre Crédito Consignado“, evento da Revista Justiça & Cidadania.

“É inconcebível que um crédito seja concedido para quem não pediu. Isso gera um transtorno enorme para o cliente. E tudo o que os bancos não precisam é ter os seus balanços contaminados com operações que não foram efetivamente autorizadas pelos clientes”, afirmou Isaac.

De acordo com o presidente da Febraban, investimentos em tecnologia e mecanismos de autorregulação foram determinantes para essa redução. Em 2025, os bancos devem aplicar R$ 48 bilhões em tecnologia, sendo “grande parte destinada ao segmento de crédito”, disse ele. Atualmente, 91% das contratações de crédito são via canais digitais, conforme pesquisa da entidade.

Por meio da autorregulação do consignado, conduzida pela Febraban e pela Associação Brasileira de Bancos (ABBC), já houve aplicação de quase 2 mil punições relacionadas a irregularidades nessa modalidade de crédito, citou Isaac. “Não temos medido esforços para coibir essas práticas fraudulentas, que induzem aposentados, pensionistas e beneficiários do INSS a tomarem empréstimos que sequer solicitaram.”

Além disso, a plataforma “Não Me Perturbe”, criada há cinco anos pela Febraban para evitar ligações indesejadas de instituições para a oferta de crédito, já soma 5,6 milhões de solicitações dos usuários cadastrados, disse Isaac.

‘Crédito do Trabalhador’

O presidente da Febraban comentou também sobre os entraves na expansão do crédito consignado privado, por meio do programa “Crédito do Trabalhador“. De acordo com Isaac, apesar dos avanços, a iniciativa enfrenta problemas de escrituração junto à Dataprev e de repasse das prestações dos bancos. “Ontem estive com o ministro [do Trabalho, Luiz] Marinho em uma reunião e saí de lá bastante otimista de que as soluções tecnológicas estão avançando para resolver isso.”

Em sua fala, Isaac também defendeu um ambiente de crédito sustentável e saudável. “Não interessa aos bancos termos taxas de juros elevadas, fazendo com que o risco de crédito e de inadimplência seja maior”, afirmou. Ele apontou, ainda, o papel da educação financeira nesse sentido. “Qualquer crédito é dívida, mesmo consignado, e precisa caber no orçamento das famílias e das empresas.“

Também presente na abertura do evento, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, ressaltou a importância do crédito consignado dentro da agenda regulatória da instituição. Segundo ele, a modalidade é uma das mais baratas do mercado justamente pelas garantias que oferece. “Que a gente consiga fazer com que a população tenha cada vez mais acesso a linhas de crédito com garantia, que consiga ter um planejamento e um controle da sua vida financeira.”

Além disso, Galípolo destacou que segurança é um aspecto “inegociável” no sistema financeiro e deve caminhar junto com a ampliação do acesso. Para ele, não existe contradição entre segurança e competitividade. “O que é seguro, melhor vai ser para o cidadão. Quanto mais opções ele tiver, melhor vai ser para o cidadão”, afirmou.