O Itaú Unibanco lançou nesta quarta-feira (10/4) o Instituto de Ciência e Tecnologia Itaú (ICTi), com o objetivo de desenvolver soluções tecnológicas para o setor financeiro em parceria com universidades brasileiras e internacionais. A proposta é transformar a produção científica em aplicações práticas capazes de impactar a forma como os brasileiros se relacionam com o dinheiro. O ICTi nasceu em 2023, mas somente agora está sendo divulgado oficialmente.
“O Instituto nasce para encurtar o ciclo entre pesquisa e aplicação, criando soluções reais que simplifiquem o acesso a serviços financeiros e aumentem o bem-estar do cliente”, disse Carlos Eduardo Mazzei, diretor de Tecnologia do banco.
Entre os focos do ICTi estão a Inteligência Artificial — com 37 pesquisas já em andamento —, computação quântica, neurociências e robótica. Segundo Carlos, a expectativa é de que a iniciativa ajude o banco a responder de forma mais ágil às mudanças no comportamento do consumidor.
“Hoje a experiência precisa ser simples, segura e conversacional. Lançamos o Pix via WhatsApp, por exemplo, como um serviço de conveniência. E estamos estudando novas formas de interação entre cliente e banco que vão além do aplicativo tradicional”, afirmou.
O Instituto já nasce com mais de 80 pesquisadores envolvidos e 50 projetos ativos, em colaboração com instituições como USP, Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal de Pernambuco, MIT e Stanford. Um dos principais parceiros é o C2D, centro de ciências de dados da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
“Essa parceria é um modelo. Começou com formação e agora está mais madura, com os pesquisadores atuando diretamente nos problemas reais do banco”, disse a professora Anna Reali, coordenadora do C2D. “Hoje temos reuniões técnicas semanais com o time do banco, bolsistas desde a iniciação científica até o pós-doutorado, todos trabalhando juntos.”
Além da USP, a Universidade Federal de Goiás (UFG) participa por meio do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA). Anderson Soares, professor da UFG, destacou que o Brasil é um dos líderes em produção científica na área de IA, mas ainda enfrenta dificuldades em converter conhecimento em inovação. “A gente gera ciência, mas tem dificuldade de transformar isso em emprego, competitividade e impacto social. Parcerias como essa com o Itaú ajudam a resolver esse gargalo”, afirmou.
O ICTi também será usado para ampliar a infraestrutura de tecnologia disponível aos pesquisadores e acelerar a formação de mão de obra especializada. “Hoje já temos quase 17 mil pessoas trabalhando com tecnologia no Itaú. Só em ciência de dados são cerca de 450. Mas ainda há escassez de profissionais com esse perfil”, disse o diretor do Itaú.
Sobre o futuro do aplicativo do banco e a migração para experiências mais conversacionais ou sociais, o executivo disse que o Itaú está explorando diversos formatos, mas ainda sem uma aposta única. “Ainda não há um vencedor claro em termos de interface. A gente tem trabalhado para entender o que de fato gera valor. Às vezes é um assistente de voz, às vezes é texto, depende do contexto de uso.”
O ICTI ainda não tem prazo para expansão, mas ele adiantou que novas universidades devem se juntar ao projeto nos próximos meses. “Temos um pipeline robusto. Nosso objetivo é que isso vá além do setor financeiro e ajude a impulsionar a inovação no País.”