BIA, a IA do Bradesco, se tornou uma ‘concierge’, diz CIO do banco

Em relação ao futuro, Edilson Reis aponta a tokenização da economia e dos ativos como uma das grandes tendências no setor

Quando a BIA, a inteligência artificial (IA) do Bradesco, começou a ser desenvolvida, o Watson — tecnologia da IBM por trás do recurso — não sabia nem falar português. Sete anos depois do lançamento, a BIA não só tira dúvidas dos correntistas, como realiza transações e está se transformando em uma espécie de ‘concierge’ para os clientes da instituição. 

“A BIA foi se tornando mais inteligente. Saiu da era informacional, migrou para a fase transacional e hoje trabalhamos com a visão da BIA como uma ‘concierge’”, disse Edilson Reis, CIO e diretor-executivo do Bradesco, em evento online do Valor Econômico. “E a IA generativa vai trabalhar em conjunto com a IA tradicional para atender melhor os clientes.”

No ar desde 2016, a BIA soma mais de 2 bilhões de interações, conforme informações até junho deste ano. Atualmente, a assistente virtual do Bradesco é utilizada por 20 milhões de clientes do banco — 42% deles são usuários recorrentes. 

Tecnologia no agro

Em outra frente, há cerca de cinco meses, o Bradesco colocou no mercado a plataforma digital E-agro, um marketplace com produtos e serviços financeiros para produtores rurais. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a IBM e o inovabra, ecossistema de inovação do banco. “O agro é um setor que evoluiu bastante no mundo digital nos últimos anos”, afirmou Edilson. 


Desde junho, o E-agro soma mais de 800 operações de crédito, que representam aproximadamente R$ 350 milhões. “Até o fim do ano, a expectativa é superar 1 mil transações, passando de R$ 500 milhões liberados em crédito”, contou o CIO do Bradesco. Além disso, de acordo com o executivo, com uso de tecnologia, o tempo de liberação do crédito caiu substancialmente. “Temos casos de operações no próprio dia. Antes elas levavam, em média, 30 dias.”

Tendências

Em relação ao futuro, Edilson apontou a tokenização da economia e dos ativos como uma das grandes tendências. “Hoje, temos uma dicotomia. Apesar do mercado financeiro muito digital e automatizado, os processos que nos circundam são analógicos. Por exemplo, se você vai comprar uma casa, precisa ir ao cartório, enquanto a liquidação financeira é digital”, citou o executivo.

Dessa forma, o Drex, a versão digital do real em fase atual de piloto, é um caminho rumo à tokenização de diversos tipos de ativos não financeiros. “Assim como as pessoas sempre confiaram nos bancos para deixar seus ativos financeiros, vão confiar nas instituições para guardar seus tokens de veículos e obras de arte, por exemplo”, destacou Edilson.

O CIO do Bradesco enxerga, ainda, que as pessoas terão mais poder sobre suas informações. “Hoje, seus dados são explorados pelas empresas. E vejo uma tendência, com a Web3 e o metaverso, de que as pessoas serão remuneradas pelos seus dados. Nesse sentido, os bancos serão importantes para criar esses corredores de transações entre esses dados e os participantes.”

Na visão de Wagner Arnaut (Tuba), CTO de technology da IBM Brasil, a tendência é que IA esteja cada vez mais no dia a dia das pessoas de maneira embarcada. “Com um dispositivo, vamos falar ‘quero fazer Pix para minha mãe’, e todo o processo por trás com IA estará embarcado para executar isso de maneira natural”, exemplificou o executivo. Outro tema forte para os próximos anos, disse ele, é a ‘hiper personalização’. 

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