'Click to pay' deve ser lançado até a Black Friday, diz presidente da Mastercard

Outra iniciativa do mercado é o incentivo ao uso do débito nas compras online, disse Marcelo Tangioni, presidente da Mastercard no Brasil

Em meio à popularização do Pix, as bandeiras de cartão se movimentam para manter a relevância desse método de pagamento. Entre as iniciativas estão o incentivo ao débito nas compras online e o desenvolvimento de ferramentas como o ‘Click to pay’. As companhias do setor também diversificam seus negócios com novos produtos e serviços.

Por iniciativa do mercado, uma novidade que deve ser lançada até o final do ano é o ‘Click to pay’, um botão de aceitação para diferentes bandeiras, como Mastercard e Visa, que visa dar segurança e simplificar o processo de check-out nas aquisições em marketplaces e e-commerces. O objetivo é ter a solução antes da Black Friday, data que é a principal do varejo brasileiro.

A informação foi dada por Marcelo Tangioni, presidente da Mastercard no Brasil, durante o “Payment Revolution”, evento realizado pela plataforma de educação StartSe nesta terça-feira (1).

“Por meio desse botão, a pessoa coloca suas credenciais pessoais e tem os dados criptografados. Estamos transferindo para o ambiente online toda a tecnologia do chip”, disse o executivo. A partir daí, segundo ele, a finalização do check-out ocorre em dois ou três cliques.


‘Empurrão’ para o débito

Há cerca de dois meses, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) lançou um novo padrão para transações online com cartão de débito. Segundo Marcelo, o programa piloto tem a participação de nove grandes estabelecimentos comerciais. Até dezembro, a ideia é ter o total de 30 empresas incluídas, com um potencial de alcançar 50% das transações nos canais digitais.

“Estamos ainda está na fase piloto, não estamos divulgando. Fizemos uma padronização das regras entre as bandeiras, porque as bandeiras já tinham seus programas. Então, padronizamos as regras e a experiência de check-out”, afirmou o presidente da Mastercard no Brasil.

Mesmo sem a comunicação devida a respeito do programa, nos dois meses de lançamento já foi possível com que as compras online com débito saíssem de uma participação total de 2% para 4%. “Ainda é muito baixo. Mas, se você pensar que conseguimos dobrar a participação simplesmente harmonizando as regras para o consumidor, já é um grande avanço”, disse o executivo. No total, a aceitação das transações pelos estabelecimentos ficou na casa dos 90%, patamar considerado bastante positivo.


Diversificação de serviços

O movimento da indústria vai ao encontro com as iniciativas recentes da Mastercard para diversificar suas receitas. Ao longo da sua apresentação, Marcelo reforçou que a empresa vem apostando na prospecção de novos negócios para ir além do universo de cartões. A estratégia, aliás, já tinha sido apontada pelo executivo em almoço com jornalistas no fim do ano passado.

Ele disse que quando chegou à empresa, em meados de 2002, a Mastercard era uma companhia monoproduto, com foco exclusivo em cartão de crédito. Naquele momento, a empresa se preparava para fazer a compra da Redeshop, uma bandeira de cartão de débito, na segunda aquisição de sua história.

Nos últimos 5 anos, porém, a trajetória da companhia é outra. A empresa investiu US$ 5 bilhões em mais de 15 aquisições, em setores que vão consultoria especializada em meios de pagamentos eletrônicos a dados, passando por inteligência artificial, machine learning e prevenção à fraude.

“Historicamente, trabalhamos nessa linha tradicional de cartão. Agora, com esses serviços, podemos ir para qualquer lugar. Um serviço de prevenção à fraude pode beneficiar qualquer empresa, por exemplo”, disse Marcelo.

Atualmente, cerca de um terço (36%) da receita global da Mastercard não tem ligação com transações financeiras. “Não foi fácil, porque sempre tivemos no ‘core’ os meios de pagamentos tradicionais. Mas você sempre precisa pensar diferente, buscar inovação”, afirmou.


Pagamentos eletrônicos

Ainda segundo o executivo, apesar de seus problemas, o Brasil é “extremamente avançado” em pagamentos eletrônicos. Hoje, a indústria de cartões representa 57% dos pagamentos privados no país. Se a conta incluir o Pix, esse patamar ultrapassa a casa dos 70%.

“A gente está falando de números superiores em qualquer lugar da América Latina. Talvez o Chile é o que mais se aproxima. No México e na Colômbia, o consumo privado varia entre 15% e 20%. Isso mostra a pujança e inovação [do Brasil], é muito positivo.

Ele afirmou, também, que os 40% das transações físicas no mercado atual são feitas por aproximação. Com os cartões da Mastercard, isso chega a 50%. “Estamos falando de níveis de países maduros, super avançados, de Europa, por exemplo. Os Estados Unidos tem um índice muito similar ou até abaixo do Brasil”, disse.

Marcelo ressaltou que o Brasil sempre foi pioneiro em uma série de coisas, como as concessões de licença de cartões para empresas não-financeiras. Assim, os varejistas passaram a bandeirar seus cartões. Mais tarde, o setor avançou com a chegada das fintechs e a introdução dos cartões pré-pagos.

O executivo lembrou, ainda, que o aspecto regulatório é sempre visto com preocupação para as empresas. No entanto, ele entende que algumas medidas são necessárias para beneficiar o segmento.

“No caso do Brasil, ajudou muito. A regulação, desde que feita na medida correta, é muito positiva. Para os participantes saberem os seus limites e para os investidores, que gostam de previsibilidade e de segurança para entrar nesse mercado.”

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