Formas alternativas de iniciação de pagamentos, crédito no Pix e transações transfronteiriças estão entre as possibilidades de desenvolvimentos futuros para o sistema de pagamentos instantâneos. As informações fazem parte de um relatório que acaba de ser divulgado pelo Banco Central (BC). Às 14h desta segunda-feira (4) o BC fará uma live em seu canal no YouTube para comentar o material.
“Os produtos e as funcionalidades a serem desenvolvidos no contexto da agenda evolutiva para os próximos anos devem impulsionar mais intensamente o Pix, enquanto instrumento de pagamento universal”, diz o material. “A intenção é que o Pix passe, efetivamente, a atender a situações e casos de uso ainda não cobertos e que aprimore a experiência de pagamento dos usuários, atendendo à demanda da sociedade.”
Com o avanço da tecnologia 5G no Brasil, a tendência é que os métodos de pagamentos digitais, como o Pix, ganhem impulso. Esse cenário abre espaço para novas formas de iniciação de pagamento, usando tecnologias por aproximação como NFC, RFID, bluetooth, biometria e outras, afirma o BC.
Os casos de uso que podem se beneficiar dessas novas tecnologias incluem, por exemplo, pagamento de pedágios em rodovias, estacionamentos e transporte público. “Muitos negócios que hoje não são realizados pela falta de ‘conectividade’ poderão ser viabilizados instantaneamente, de forma simples, segura e com menor custo”, escreve o órgão.
‘Pix crédito’
Ainda no que chama de (r)evolução do Pix, o BC aponta que o sistema também poderá ser usado para pagamentos a prazo ou parcelado. Para isso, há a possibilidade de serem criadas regras padronizadas para viabilizar os mecanismos de garantia vinculados às transações de pagamento. A autoridade monetária diz acompanhar a oferta de soluções privadas que permitem o parcelamento com Pix, e não enxerga um modelo único sendo praticado atualmente.
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“Há, por exemplo, soluções que vinculam uma concessão de crédito pessoal à transação Pix e soluções que permitem o pagamento de uma transação Pix na fatura do cartão de crédito”, cita o documento. “O BC monitora a evolução desse mercado e o uso dessas soluções, podendo, futuramente, caso julgue necessário, decidir pela criação de um produto único ou pela definição de regras mínimas a serem observadas pelas instituições.”
Nos últimos meses, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem dito que o Pix poderá ser, no futuro, uma opção ao cartão de crédito. As declarações ocorrem em meio ao debate acalorado sobre o futuro do rotativo e da modalidade de parcelamento sem juros no cartão.
Pix na gringa
Mais um tema no radar do regulador é a integração do Pix com outros sistemas de pagamentos instantâneos. Isso permitirá a realização de transações transfronteiriças (o chamado ‘cross-border’) entre o Brasil e outros países, a exemplo de remessas, pagamentos entre empresas e pagamento de bens e serviços no exterior. “O BC vem acompanhando iniciativas ao redor do mundo, e o Pix já foi desenvolvido para facilitar esse tipo de conexão, adotando padrões internacionais de comunicação”, diz o órgão.
Interessante notar que já há empresas que estão facilitando a utilização do Pix em países vizinhos, como Argentina e Uruguai. Os casos incluem players como PagBrasil e Fiserv, que desenvolveram soluções nessa direção de “exportar” o método de pagamento brasileiro para outras nações na América Latina e mesmo para destinos turísticos nos EUA.
Raio-X das transações com Pix
O relatório divulgado hoje pelo BC traz uma radiografia do Pix em ‘big numbers’ — que são realmente grandes. Em dezembro de 2022, o sistema atingiu um volume transacionado de R$ 1,2 trilhão, o que representa um aumento de 67% na comparação com o mesmo mês de 2021. Em 24 meses, o valor movimentado cresceu 914%.
O Pix chegou ao final do ano passado com 2,9 bilhões de transações, mais do que o dobro em relação ao último mês de 2021. De acordo com o BC, o maior Pix já feito foi de (pasme!) R$ 1,2 bilhão, em dezembro de 2022. Apesar disso, a maior parte (quase 61%) das operações com Pix até aquela data foram inferiores a R$ 100. Quando levados em conta apenas os pagadores pessoas físicas, a grande maioria (93%) das transações foi de até R$ 200.
“Já considerando transações apenas entre pessoas jurídicas privadas, ainda há certa concentração na faixa até R$ 500. Porém, já se nota uma contribuição maior de transações de valor mais elevado: 18,6% das transações têm valor a partir de R$ 2.000”, escreve o BC.
O relatório mostra, ainda, como evoluem as transações por tipo de iniciação (chave Pix, QR Code e ITP), as operações de Pix Saque e Pix Troco, o perfil dos usuários por região, faixa etária e nível de renda, entre outros indicadores interessantes. Por exemplo, mais de 80% das pessoas entre 20 e 59 anos enviaram ou receberam ao menos um Pix em 2022. Já entre os indivíduos de 60 anos ou mais, esse percentual supera 42%.
Acesse o relatório na íntegra.
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