VENTURE CAPITAL

Sororitê quer atrair mais mulheres para os investimentos de risco

Comunidade de investidoras anjo quer conectar mulheres bem sucedidas com fundadoras por meio do venture capital

 Erica Fridman e Jaana Goeggel, cofundadoras da Sororitê
Erica Fridman e Jaana Goeggel, cofundadoras da Sororitê

Desde pequenas, mulheres são ensinadas a buscarem segurança, se preservarem, evitarem riscos. Esse viés nos acompanha por toda a vida e se reflete nas decisões de carreira e de finanças. Menos de 20% dos fundadores de startups são do sexo feminino, de acordo com a associação que representa o setor, a Abstartups.

Elas também recebem menos de 12% dos investimentos de venture capital no país, conforme reportagem publicada pelo Startups em março. Para mudar esse cenário, Erica Fridman e Jaana Goeggel, cofundadoras da comunidade de investidoras-anjo Sororitê, querem conectar mulheres bem-sucedidas com a próxima geração de empreendedoras por meio do capital de risco.

“Há pesquisas que mostram que as mulheres são duas vezes mais inclinadas a investirem em outras mulheres do que os homens. Isso é humano, especialmente em startups early stage, em que não se tem números ou dados, é muito baseado na sua impressão pessoal. Temos algumas startups com teses muito femininas, como calcinhas menstruais, produtos para saúde íntima, que quando as empreendedoras fazem um pitch para uma mesa só de homens, eles morrem de vergonha só de ouvir as palavras”, diz Jaana.

Medo de arriscar

Uma das formas de equilibrar a distribuição dos recursos nesse ecossistema seria aumentando o percentual de mulheres investidoras. “Mas como faz para ter mais mulheres no venture capital, se a maioria não se interessa ou tem medo desse tipo de investimento?”, questiona Erica. De fato, dados do Raio X do Investidor da Anbima mostram que as mulheres ainda são minoria entre os investidores (35%) e têm um perfil mais conservador. Apenas 1% investem em ações, contra 4% de homens, e 3% delas têm fundos de investimento, contra 6% dos homens.

“Quando comecei a fazer investimento anjo, me via um pouco fora do lugar, porque não tinham mulheres, nem do lado do investidor, nem das fundadoras. Comecei a me juntar com as mulheres que conhecia, formamos um grupinho pequeno de WhatsApp, em 2020, até que o grupo ficou grande e começamos a jornada do Sororitê, no fim daquele ano, com a Jaana no planejamento estratégico”, conta Erica.

Conexões

Atualmente, o grupo tem cerca de 150 mulheres investidoras e 16 empresas investidas no total. A rede faz a conexão entre as investidoras-anjo e as startups, e o capital sai da própria pessoa física. O cadastro das startups é pelo site da Sororitê, que já tem mais de 400 empresas em sua base. Quando a tese está alinhada com os propósitos da comunidade, ocorrem entrevistas e encontros para conectar fundadoras e investidoras.

O perfil procurado pela Sororitê é de startups com lideranças mulheres ou que tenham parte relevante do captable formada por mulheres. Além disso, que estejam em estágio seed ou pré-seed, tenham um modelo de negócio escalável, já esteja rodando com faturamento e/ou clientes, e sejam sediadas na América Latina ou que tenham este mercado como plano de expansão.

“A maioria das mulheres na nossa comunidade não tinha feito investimentos desse tipo antes do grupo, porque não sabia como ou onde fazer. O grande atrativo é que são mulheres bem sucedidas nas suas carreiras, com vontade de ajudar a próxima geração. Do lado das fundadoras, também tentamos ajudar o máximo possível, mostrando como se preparar para um pitch, por exemplo”, explica Jaana.

*Conteúdo publicado originalmente pelo portal parceiro Startups