A a55, fintech de crédito para empresas com receita recorrente (“revenue-based financing”), acaba de receber um cheque de US$ 17 milhões (equivalente a R$ 92,8 milhões, no câmbio atual), para continuar a expandir seus negócios no Brasil e no México.
A nova rodada Série B foi liderada pela Movile, que, por sua vez, amplia seu portfólio no setor de fintech, que já inclui Zoop e MovilePay. O round teve, ainda, participação do Mouro Capital (antigo fundo Santander InnoVentures), que já era investidor da a55.
Com o cheque, a Movile se junta a um captable que tem também Accial Capital, E3 Negócios, TM3 Capital, SaaSholic, Alma Capital (Nova York), além da investidora-anjo Camila Farani via G2 Capital.
Um dos cofundadores da a55, Hugo Mathecowitsch, e André Luiz Silva, Chief Operating Officer (COO), contaram ao Finsiders que grande parte do aporte será destinado à contratação de funcionários – dobrando o time de 100 para 200 em um ano — e no aperfeiçoamento dos produtos e canais da fintech.
Eles irão fazer isso, basicamente, adotando novos protocolos de blockchain e novas tecnologias dentro do modelo de ‘embedded finance’ e de conectividade, isto é, investir em ciência de dados para melhorar na conclusão do score dos clientes.
No longo prazo, os investimentos ajudarão a fintech a se internacionalizar começando pela América Latina e em países que já adotam o Open Finance ou Open Banking.
No México, principalmente após o aporte anterior no valor de US$ 35 milhões divulgado em maio de 2021, a empresa conseguiu escalar desde início da operação em 2019. O país já representa um terço dos volumes gerados pela plataforma de finanças abertas da a55, que conecta dados bancários, pagamentos e desempenho online dos clientes.
Desde sua fundação, em 2018, a fintech soma quase R$ 400 milhões em empréstimos para mais de 500 empresas. Em 2020, o faturamento da fintech cresceu mais de 5x e fechou 2021 com incremento de 7x, conforme era a expectativa dos empreendedores. Assim, a meta esperada para 2022 é superar R$ 1 bilhão em crédito originado no Brasil e no México.
“Utilizar dados para dar acesso ao crédito para empresas escalarem mais rapidamente é o tipo de inovação financeira que continuará a alimentar o ecossistema de startups na América Latina”, afirmou Fabio Massuda, diretor de estratégia e investimentos da Movile, em comunicado.
Inovação financeira essa que pode, em breve, colocar a fintech de Hugo e André no posto de unicórnio. Pelo menos é o que acredita o Distrito. Para a empresa de inovação, a a55 está entre as 19 fintechs com potencial de se tornarem unicórnios em 2022, ao lado de Asaas, BizCapital, Open Co, Zoop, Avenue, Guiabolso, Warren, Neon, entre outras.
Para refrescar sua memória, a a55 começou concedendo crédito a partir de R$ 500 mil, mas em 2020 reduziu os tíquetes e hoje libera linhas a partir de R$ 30 mil, podendo chegar a R$ 5 milhões.
O foco são pequenas e médias empresas, com receita recorrente, de diferentes setores, que precisam de capital de giro. O público-alvo são negócios que faturam, pelo menos, R$ 20 mil por mês, mas a fintech já fez operações para empresas com receita inferior a essa quantia.
Entre os planos, os empreendedores comentam que as parcerias com empresas do dentro do ecossistema de e-commerce e recorrência devem continuar a ser um foco de atuação da fintech. Estão em negociação mais 16 parcerias neste formato, que se somariam aos dez contratos assinados, incluindo Galax Pay, Loja Integrada, Magis5 e BWC.
“Este tipo de parceria leva a um empoderamento dos clientes em relação aos produtos financeiros. Nosso objetivo é ajudar no crescimento da carteira desses parceiros e levar a uma evolução do produto comercializado. Estamos bem animados com a empreitada”, diz Hugo.
Setor em expansão
O crédito para startups e empresas com receita recorrente é uma modalidade que vem sendo cada vez mais explorada por outros players. No Brasil, entretanto, o número de competidores ainda é pequeno.
Por aqui, quem mais se aproxima do que a a55 está fazendo é a Divibank, mas com foco em crédito para campanhas digitais. Em entrevista recente ao Finsiders, o cofundador, Jaime Taboada, informou que um dos planos para 2022 é lançar produtos voltados para as empresas de receita recorrente. A fintech encerrou 2021 com aumento de mais de 15x no volume de financiamentos, mas não abre o valor originado.
Com modelo diferente, o chamado ‘venture debt’ é frequentemente associado ao negócio da a55. Nesse formato, a lista de players não é grande, mas certamente maior e inclui nomes como boostLAB, do BTG Pactual — parceiro da a55, inclusive –, Galapagos Capital, Brasil Venture Debt (que está captando novo fundo) e Alfa Collab (do banco Alfa). A Genial se prepara também para lançar seu venture debt, contou Venancio Velloso ao Finsiders no mês passado.
A criação de modelos de negócio cada vez mais específicos, caso do ‘revenue-based financing’, é mais uma prova da evolução do mercado de crédito brasileiro e do próprio ecossistema de fintechs. Com o Open Finance, a tendência é que essa maior especialização ganhe ainda mais força.
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