Pix
Pix | Imagem: Adobe Photoshop

A Pagaleve, fintech de parcelamento de pagamentos por Pix, concluiu uma nova rodada de R$ 160 milhões. A captação combina equity (participação no negócio) e aportes no Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) da empresa. O investimento teve a liderança da gestora australiana OIF Ventures e foi co-liderado pelo fundo asiático Sun Hung Kai & Co. Com a injeção de recursos, a Pagaleve passou a ter um valuation próximo a R$ 1 bilhão.

O aporte teve a participação, ainda, de novos investidores como Credit Saison e Endeavor Catalyst, assim como 12 acionistas já existentes. Entre eles, por exemplo, Salesforce Ventures, BB Ventures (Corporate Venture Capital/CVC do Banco do Brasil), Founder Collective e outros. Já o FIDC da empresa, estruturado em 2024, tem os investidores Verde Capital e Credit Saison.

Criada em 2021 por Henrique Weaver (ex-McKinsey, Coca-Cola e Uber) e Michael Greer (ex-Zip, unicórnio australino de BNPL), a Pagaleve tem como solução justamente a modalidade BNPL – sigla em inglês para “Compre Agora, Pague Depois”. A fintech oferece três opções de parcelamento – quinzenal em quatro vezes sem juros via Pix; mensais em até 12 vezes com juros; e o “Parcela tudo”, que permite ao usuário parcelar compras em qualquer estabelecimento que aceite Pix.

A Pagaleve possui um sistema proprietário de análise de riscos e segurança de transações, nativo em Inteligência Artificial (IA). De acordo com a empresa, essa tecnologia permite uma de taxa de aprovação das operações de 70%. Já a inadimplência fica em 2%. Além disso, a recorrência é elevada. “Após uma primeira compra, 62% dos consumidores fazem uma nova transação conosco. Os clientes recorrentes representam hoje 75% da nossa receita”, disse Henrique, em nota.

Números

Atualmente, a fintech processa um volume de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) anualizado de R$ 3 bilhões. O montante cresceu quatro vezes em relação ao ano passado. A receita avançou seis vezes no mesmo período. Conforme a empresa, a expectativa é atingir uma receita anualizada de R$ 500 milhões até o segundo semestre de 2026. Hoje, Pagaleve tem parceria com mais de 10 mil varejistas. E mais de 5 milhões de consumidores já utilizam o serviço da fintech.

“Começamos 2025 já no azul e devemos fechar o ano em uma posição muito sólida de rentabilidade”, afirmou o CEO. Segundo ele, a rodada de captação dá energia para “acelerar a inovação” e lançar produtos que “transformam a experiência de compra do consumidor e fortalecem o parceiro varejista”.

Na visão dos investidores, a proposta de valor e a execução da equipe da Pagaleve são diferenciais. “Lideramos esta rodada de investimentos pela nossa convicção na capacidade da Pagaleve de redefinir o rumo de pagamentos na América Latina”, disse Jerry Stesel, cofundador e general partner da OIF Ventures, na nota. “O mercado brasileiro de BNPL tem oportunidade estrutural de longo prazo, e a Pagaleve está posicionada para capturar esse potencial”, completou Gary Chan, managing director de Private Equity da Sun Hung Kai & Co.

O ‘boom’ do parcelado no Pix

A Pagaleve não está sozinha no mercado de crediário digital no Brasil e tampouco foi a única a receber novas injeções de capital. Em setembro, a Ume anunciou uma rodada Série B de US$ 21,8 milhões (equivalente a R$ 118 milhões, no câmbio da época), liderada pelos fundos Valor Capital Group e Bewater. No entanto, a fintech que também nasceu fazendo crediário digital vem avançando em uma plataforma de crédito e pagamento que dá “poder de banco” aos varejos.

No País, o crediário direto de lojistas para consumidores vem ganhando força no varejo digital. Em julho de 2025, atingiu 37,3% das lojas online monitoradas pela consultoria GMattos. Já o BNPL, de maneira geral, alcançou 61% de aceitação, segundo a pesquisa.

O mercado aguarda, ainda, a definição das regras pelo Banco Central (BC) para o Pix Parcelado. Atualmente, diferentes bancos e fintechs – a Pagaleve é um exemplo – já oferecem essas soluções, mas não há um padrão. O regulador lançará até o final de outubro as normas gerais para a modalidade. Os procedimentos operacionais, entretanto, sairão apenas em dezembro.