O BTG Pactual voltou às compras. Na noite desta terça-feira (22), o banco anunciou a compra de 100% da Magnetis, gestora digital de investimentos e pioneira no modelo de “robo-advisor” no Brasil. O valor da transação não foi divulgado.
A aquisição faz parte da estratégia da instituição de André Esteves para expandir as plataformas digitais, com aumento da base de clientes e avanço na oferta de produtos e serviços para pessoas físicas. A transação depende de aprovações regulatórias necessárias, inclusive do Banco Central (BC).
Em comunicado, Marcelo Flora, sócio responsável pelas plataformas digitais do BTG, conta que o negócio vai trazer mais ganhos de escala ao banco. Isso significa, diz ele, mais diluição de custos com ganhos de eficiência, sinergia e produtividade. “A partir dessa aquisição, o banco terá acesso a um conjunto de soluções de tecnologia e sistemas que vêm sendo desenvolvidos há mais de 10 anos”, afirma.
Foco na alta renda
Fundada em 2015 por Luciano Tavares (ex-Merrill Lynch e Nest Investimentos), a Magnetis se inspirou em modelos de negócios gringos como Wealthfront e Betterment. Nos últimos anos, a fintech ganhou espaço no segmento de alta renda, onde passou a atuar em 2020.
Atualmente com 56 pessoas, a Magnetis chegou ao final de 2022 com pouco mais de R$ 871 milhões sob gestão, conforme informações na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A empresa também possui licença de distribuidora de títulos e valores mobiliários (DTVM) — o negócio teve prejuízo de R$ 1,8 milhão no ano passado e de R$ 1,5 milhão em 2021.
Desde o início do negócio, a “wealth tech” captou US$ 17,4 milhões. O último cheque recebido foi em julho de 2020, quando levantou US$ 11 milhões com Redpoint eventures e Vostok Emerging Finance (VEF). Antes, a Magnetis também havia atraído investidores como Monashees e Julius Baer — todos eles vendem agora a totalidade de suas participações.
“Estamos muito felizes com o acordo assinado, certos de que com a estrutura do BTG Pactual poderemos dar continuidade ao serviço de excelência que já oferecemos aos nossos clientes. Com a aquisição, poderemos oferecer um pacote de soluções ainda mais completo”, diz Luciano Tavares, fundador e CEO da Magnetis, no comunicado.
Voltou à ativa?
Travando uma “disputa” com a XP, o BTG realizou diversas aquisições, principalmente entre 2020 e 2022. O banco comprou negócios como Ourinvest (atual BTG Pactual Advisors), Necton Investimentos, Elite, além da Universa — dona de marcas como Empiricus e Vitreo (hoje Empiricus Investimentos) — e do consolidador de investimentos Kinvo.
A compra da Magnetis ocorre num contexto de movimentações por parte dos grandes bancos e plataformas de investimento do país, diante do início do ciclo de queda dos juros. Nesta semana, por exemplo, o Santander anunciou corretagem zero para ações, BDRs, ETFs e fundos imobiliários.
O Itaú, por sua vez, contou ao portal Neofeed que está abrindo o íon, antes restrito para os correntistas do banco, ao público em geral. Já o super app PicPay divulgou, na semana passada, suas novas ofensivas nesse mercado.
Não custa lembrar que a Magnetis era um dos poucos players brasileiros de “robo-advisor” ainda não comprados por instituições financeiras. A Vérios foi adquirida pela antiga Easynvest (hoje NuInvest, do Nubank). As fintechs Monetus e Kokpyt atraíram a Toro, do Santander. Quem, por enquanto, caminha de forma independente é a gaúcha Warren, que já levantou mais de US$ 104 milhões em captações e fez três aquisições.
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